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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Mar Morto




A noite caiu sobre o cais, sobre o mar, sobre mim...

As ondas fracas, contra o molhe, são vozes calmas de afogados.

O luar marca uma estrada clara e macia nas águas,

mas os barcos que saem podem procurar mais noite,

e com as suas luzes vão pôr mais estrelas além ...

O vento foi para outros cais levar o medo,

e as mulheres, que vêm dizer adeus e cantar,

hoje sabem canções com mais esperança,

canções mais fortes que a ressaca,

canções sem pausas onde passe uma sombra da morte...

Velhos marítimos — a terra é já a sua terra —

olham o mar mais distante e têm maior saudade...

Pára o rumor duns remos...

Não vão mais às estrelas as canções com noite, amor e morte...

Penso em todos os que foram e andam no mar,

em todos os que ficam e andam no mar também ...

E a luz do farol, lá longe, diz talvez...


Alberto de Serpa.

3 comentários:

pedro oliveira disse...

Serão calmas as vozes dos afogados?
Talvez...
Provavelmente a inevitabilidade da morte dá-lhes paz.
Morrer calmamente parece-me mais digno que a morte pelo fogo.
Gritos lancinantes de carne queimada.
A morte lenta feita água que invade parece mais pacífica, como o oceano de Vasco Nuñez Balboa, sê-lo-á?
Um abraço, camarada.
Bem-vindo ou melhor bem regressado.

FERNANDINHA & POEMAS disse...

Olá querido Manuel, belíssimo poema... Beijinhos de carinho e ternura,
Fernandinha

Izinha disse...

Q bom q está de volta e como foram as mini férias?

Belo poema!

bjos muitos prá ti!