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sábado, 30 de janeiro de 2010

Fantasia




Há uma mulher em toda a minha vida,
Que não se chega bem a precisar.
Uma mulher que eu trago em mim perdida,
Sem a poder beijar.

Há uma mulher na minha vida inquieta.
Uma mulher? Há duas, muitas mais,
Que não são vagos sonhos de poeta,
Nem formas irreais.

Mulheres que existem, corpos, realidade,
Têm passado por mim, humanamente,
Deixando, quando partem, a saudade
Que deixa toda a gente.

Mas coisa singular, essa que eu não beijei,
É quem me ilude, é quem me prende e quer.
Com ela sonho e sofro... Só não sei
Quem é essa mulher.

Alfredo Brochado, in "Bosque Sagrado"

6 comentários:

Cris França disse...

acho lindo o amor platônico, sem ele as poesias não seriam perfeitas, e o romantismo não teria existe.

Porque o amor nasce na mente da gente, antes de alcançar o outro, para saber se ele se tornará real ou não.

bjs

Ângela disse...

Oi Manuel!!!
Lindo, lindo, lindo. Mais uma pra categoria "TUDO DE BOM"
Bjs.
Ângela

r disse...

Caríssimo, a poesia ou se sente ou se não sente. Creio. Analisar a forma de um poema é matá-lo, não é para isso que ele ( o poema) serve. Aliás, o poema não serve para cousa alguma. É inútil. Fazer hermenêutica poética é, na minha perspectiva, um caminho que nos levará à fraude infinita... podemos tecer infinitos discursos interpretativos...
ora, ou sente-se ou não se sente. Este, não me fez muito sentido, mas não deixam de ser curiosas as palavras finais... não sabe, nem saberá nunca, mesmo que aconteça o encontro a que parece apelar; ama-se o que não se conhece, ainda que, para conhecer o que se ama, seja necessário degustá-lo. Sem degustação, não há conhecimento..........
etc
Voltarei a pensar nisto. Valeu pela possibilidade de reflexão.
Mas isto sou eu, claro que penso que o sentido do fruto é a de ser comido/saboreado/degustado

Denise disse...

O poema, mais o comentário de Rosa me lembraram Rubem Alves...

“É mais fácil amar o retrato. Eu já disse que o que se ama é a ‘cena’. ‘Cena’ é um quadro belo e comovente que existe na alma antes de qualquer experiência amorosa. A busca amorosa é a busca da pessoa que, se achada, irá completar a cena. Antes de te conhecer eu já te amava.... E então, inesperadamente, nos encontramos com rosto que já conhecíamos antes de o conhecer. E somos então possuídos pela certeza absoluta de haver encontrado o que procurávamos. A cena está completa. Estamos apaixonados”

Ambos, lindos!!!
Bjos

r disse...

Rubem Alves?
Ah! Não resisto... é um grande amor. Nunca o abracei e, provavelmente, nunca o abracarei, mas já abracei quem o abraçou a ele.
Só pela lembrança, um abração para o Brasil

angela disse...

Aquile que não se tem, permanece sonhado as vezes para sempre.
beijo