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terça-feira, 4 de maio de 2010

O Ideal da Amizade.




A camaradagem, o companheirismo, às vezes, parecem amizade. Os interesses comuns por vezes criam situações humanas que são semelhantes à amizade. E as pessoas também fogem da solidão, entrando em todo o tipo de intimidades de que, a maior parte das vezes, se arrependem, mas durante algum tempo podem estar convencidas de que essa intimidade é uma espécie de amizade. Naturalmente, nesses casos não se trata de verdadeira amizade. Uma pessoa imagina que a amizade é um serviço. O amigo, assim como o namorado, não espera recompensa pelos seus sentimentos. Não quer contrapartidas, não considera a pessoa que escolheu para ser seu amigo como uma criatura irreal, conhece os seus defeitos e assim o aceita, com todas as suas consequências. Isso seria o ideal. E na verdade, vale a pena viver, ser homem, sem esse ideal?

E se um amigo falha, porque não é um verdadeiro amigo, podemos acusá-lo, culpando o seu carácter, a sua fraqueza? Quanto vale aquela amizade, em que só amamos o outro pela sua virtude, fidelidade e perseverança? Quanto vale qualquer afecto que espera recompensa? Não seria nosso dever aceitar o amigo infiel da mesma maneira que o amigo abnegado e fiel? Não seria isso o verdadeiro conteúdo de todas as relações humanas, esse altruísmo que não quer nada e não espera nada, absolutamente nada do outro? E quanto mais dá, menos espera em troca? E se entrega ao outro toda a confiança de uma juventude, toda a abnegação da idade viril e finalmente oferece a coisa mais preciosa que um ser humano pode proporcionar a outro ser humano, a sua confiança absoluta, cega e apaixonada, e depois se vê confrontado com o facto de o outro ser infiel e vil, tem direito de se ofender, de exigir vingança? E se se ofende e grita por vingança, era realmente amigo, o traído e abandonado?

Sándor Márai, in 'As Velas Ardem Até ao Fim'

6 comentários:

r disse...

Caríssimo,
houve um tempo fascinante com uns escritos e nao só fascinantes (desculpe a redundãncia): Literatura de Cordel. Adorava ver as nossas livrarias com cordelinhos e molas....

de resto, se fosse a si, lia o Eça.
Este bla, bla, blá afz muito mal às pessoas.
Mas isto digo eu
pronto...
em última análise use as velas que quiser.

Manuela Freitas disse...

Olá Manuel,
Eu gostei imenso deste livro, é dos tais livros de que não se descola e até se chega ao fim querendo mais!...
Um grande abraço,
Manú

angela disse...

Essa é uma questão dificil.
beijos

Ilaine disse...

Um texto muito bom e interessante. Boa escolha, Manuel! Aceitar a infidelidade e nada esperar em troca de uma relação... talvez seja o ideal. Mas acho difícil. Penso que a amizade, assim como o amor, precisam ser regados por ambas as partes. É necessário que hajam trocas.

Abraço

Viviana disse...

Olá Manuel

Não imagina o quanto eu gostei do texto que publicou.
li-o muito devagar para apreender bem o conteúdo e significado.
chamei até o Jorge (meu marido) e li para ele ouvir.

Ele também apreciou muito e conhece o livro de onde o Manuel o extraiu.
Fez-me até um resumo do livro.

Como ele é Pastor, lembrou-se do capitulo 13 da I Ep. de S. Paulo sos Coríntios, sobre o qual ele prega muitas vezes e que nós, os Evangélicos quase sabemos de Cór.

Aqui está:

«1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine.

2 E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.

3 E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.

4 O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece,

5 não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal;

6 não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade;

7 tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

8 O amor jamais acaba; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;

9 porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos;

10 mas, quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado.

11 Quando eu era menino, pensava como menino; mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.

12 Porque agora vemos como por espelho, em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente, como também sou plenamente conhecido.

13 Agora, pois, permanecem a fé, a esperança, o amor, estes três; mas o maior destes é o amor.»

O Amor que pode ser a AMIZADE.

Desejo-lhe um lindo dia

viviana

Anónimo disse...

CARO AMIGO,se melhorar, estraga.