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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Literatura.




No final de uma vida, entrando no seu epílogo, um homem já sem destino para cumprir medita sobre o seu passado e o seu futuro, no regresso a uma casa vazia onde passou parte da sua infância, povoada de fantasmas que evocam os momentos chave da sua existência. Recheado de flash-backs para o passado e para o futuro (!), a antevisão, real e com todos os detalhes, da degradação da sua velhice e do seu funeral urge em Paulo a derradeira tentativa de procura da explicação de um sentido para a vida, alimentada por muitos sonhos e esperanças no tempo em que tal era devido, cheia de frustrações e desilusões posteriores frutos de um destino azarado e de uma fatalidade previsível, condições propícias para um redescobrir da vida nos elementos mais simples que anteriormente passavam despercebidos na azáfama do cumprimento do quotidiano e de toda uma vida alicerçada nos seus valores supostamente mais altos.

Nesta narrativa de evocações aleatórias, centrada no romance de Paulo com Sandra, mulher difícil e de poucos sentimentalismos, a redução de uma vida ao seu cumprimento basilar pelo amor, último alicerce num mundo de ilusões, revelando-se semítico na sua realização, e defraudado ainda por uma filha que o confronta com a esterilidade da sua actividade e do seu pensamento, mumificando-o no seu tempo presente, tempo esse prometedor de progressos civilizacionais que os próprios contemporâneos se encarregam de deitar a perder, ébrios de uma liberdade utópica que nada concilia face à disparidade de vertentes, facções e pontos de vista que num ruído ensurdecedor emudece e paralisa a humanidade no êxtase do extremo da civilização actual.

Vítima do seu próprio pensamento perscrutador, questionando a sua condição humana e a dos outros, comparando-a até ao fim dos tempos, um lamento arrastado mas pontuado por algumas fagulhas de lucidez e outras de felicidade passada e presente, num acomodar inconsciente contrastante de uma luta ávida pela vida onde persistem ainda mais perguntas que respostas apesar de toda a sofreguidão de viver tal como evidenciado pelo relato de vida do narrador. A paz nunca chega, para sempre continua a percepção do abismo entre aquilo que se é e aquilo que se sente.

4 comentários:

Maria Ribeiro disse...

A temática preferida do nosso grande escritor EXISTENCIALISTA!
Bela ideia esta, MANUEL MARQUES, de chamar a atenção para a leitura dos nossos escritores, grandes entre os grandes! Parece-me, no entanto , que esse texto faz parte do livro e ,por conseguinte, devia estar entre aspas...daquilo que recordo...Se me engano, pois não tenho o livro à mão, peço perdão.
Beijo de
Mª ELISA

Zélia Guardiano disse...

Excelente texto, meu amigo Manuel!
E muito oportuno: vou tratar de ler.
Gosto de indicações de amigos. Anoto todos os títulos mencionados pelos amigos blogueiros e vou fazendo a leitura de um por um.
Grata, por este serviço prestado, pois eu considero assim...
Grande abraço!

Laura disse...

Xi, adoro ler mas agora é aqui...e tenho de costurar, de vir aqui, limpar a casa, e vir aqui, passar a ferro, e vir aqui, ehhhhhhhhhh...pouco tempo.

beijinho da laura

Valquíria Calado disse...

OLÁ PASSEI PRA DEIXAR UM ABRAÇO.

ORAÇÃO DA FAMILIA
PAI NOSSO QUE ESTAIS NO CÉU,
SANTIFICA MINHA CASA
ESTABELEÇA O TEU REINO EM NÓS,
PRA QUE FAÇAMOS TUA VONTADE
QUE A NOSSA MESA SER FARTA DE PÃO,
QUE A NOSSA FÉ CRESÇA DE GRÃO EM GRÃO
NOS CUBRA DE SANTIDADE
SABEDORIA E SUBMISSÃO
NÃO DEIXE QUE NOS FALTE O PÃO
FORTALEÇA A FÉ EM NOSSOS CORAÇÕES
QUE OS NOSSOS FILHOS TE SIRVAM COM AMOR
BENDITOS SEJAM PRA GLÓRIA DO SENHOR
O MEU MAIOR PATRIMÔNIO
PRECISA DO TEU AUXILIO
MINHA FAMILIA TE CHAMA
Ó VEM SENHOR MORAR COMIGO
ATUA GRAÇA NOS FAZ PROSPERAR
TUA PALAVRA NOS EDIFICARÁ
PAI NOSSO QUE ESTAIS NO CÉU
SANTIFICA O NOSSO LAR.