Seguidores

sábado, 11 de dezembro de 2010

Não há Nada que Resista ao Tempo




Não há nada que resista ao tempo. Como uma grande duna que se vai formando grão a grão, o esquecimento cobre tudo. Ainda há dias pensava nisto a propósito de não sei que afecto. Nisto de duas pessoas julgarem que se amam tresloucadamente, de não terem mutuamente no corpo e no pensamento senão a imagem do outro, e daí a meia dúzia de anos não se lembrarem sequer de que tal amor existiu, cruzarem-se numa rua sem qualquer estremecimento, como dois desconhecidos.
Essa certeza, hoje então, radicou-se ainda mais em mim.
Fui ver a casa onde passei um dos anos cruciais da minha vida de menino. E nem as portas, nem as janelas, nem o panorama em frente me disseram nada. Tinha cá dentro, é certo, uma nebulosa sentimental de tudo aquilo. Mas o concreto, o real, o número de degraus da escada, a cara da senhoria, a significação terrena de tudo aquilo, desaparecera.

Miguel Torga, in "Diário (1940)"

9 comentários:

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu querido Manuel

Um belo texto de Torga...realmente o tempo...talvez as mágoas...o silêncio das palavras...acaba por destruir o que foi belo.

Beijinhos com carinho
Sonhadora

Nilce disse...

Oi Manuel

As paixões podem se acabar, mas se forem alimentadas o amor e o companheirismo prevalecerão. Um amor suave, sem ciúmes, sem cobranças.
Calmo e tranquilo como deve ser.

Bjs no coração!

Nilce

Anónimo disse...

Oi Poeta....o tempo apaga tudo?????

Poeta...só espero que não tenhas tempo de me apagares da sua sua memória!


bjos meu!!!!!!

Zil

Rosa C Foss disse...

Lindissimo !Bjs e bom Domingo

Anónimo disse...

O meu comentário nada tem a ver,com esta linda mensagem.
Muito embora não goste particularmente desta época do ano!!!Vim porque quero aqui deixar esta mensagem de Natal(que deveria ser todos os dias, não será?)
Já gostei muito dela sim!! no meu tempo de criança,na minha linda aldeia.Os tempos,os valores... mudaram,temos que os encarar,o que não quer dizer que os(eu) aceitemos.


Com a Felicidade do Meu Sonho

Com um lápis desenhei:
A felicidade, a bondade,
O amor e a lealdade.
Com uma borracha apaguei:
O ódio, a guerra, a mentira e o sofrimento.
Com uma moeda comprei:
Alimentos para quem tinha fome,
Roupa para quem tinha frio,
E um lar para quem não tinha abrigo.
Com a felicidade do meu sonho,
Desenhei o desejado,
Apaguei o errado
E fiz sorrir.

Desejava muito que este sonho,se tornasse uma realidade para quem mais dele precisa,e não uma utopia.
Ana Bernardo

Luna disse...

Existem momentos, pessoas, coisas especiais que em dado momento nos ajudam a sonhar a caminhar na ténue linha da felicidade ou não, mas tudo tem um tempo e se dessas imagens houver distancia, as imagens vão sendo apagadas
beijinhos

Manuela Freitas disse...

OLá meu «gato»,
Não sei se concordo com o Torga e quem sou eu para não concordar, se até o considero um homem e um escritor superlativo? Mas não concordo, porque considero que tudo que nos marcou muito é difícil de esquecer!
Beijinhos,
Manú

Laços e Rendas de Nós disse...

Só o tempo resiste ao próprio Tempo.

Beijo

guímel disse...

Torga descreveu o seu momento, que não difere do nosso!
Triste quando se esvai da memória... mesmo sabendo que nós participamos em cada tijolo da construção.

Bjsss