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domingo, 11 de setembro de 2011

O Amor não Rende Juros...




É verdade «que um baixo amor os fortes enfraquece»
mas também o grande amor torna ridículos os grandes,
pois o amor é, em energia material sobre o mundo, um roubo — apesar de, em sensações, ser magnífico. 0 amor será útil internamente,
mas externamente não carrega um tijolo.
Disso nunca tive dúvidas.
A vida, é certo, não será um sítio excepcional para as paixões.
Nos países humanos, o amor mistura-se muito
com palavras equívocas.
0 fogo que existe numa lareira, por exemplo,
é um fogo servil, cultural, educado.
Uma coisa vermelha, mas mansa,
que nos obedece.
Só é natureza, o fogo na lareira,
quando, vingando-se, provoca um incêndio.
E o amor assim funciona. Mas é preferível o contrário.
É desarranjo de estratégias e planos,
surpresa ritmada, uma ilegalidade exaltante que não prejudica
os vizinhos.
Mas atenção, de novo: o amor não faz bem aos países,
não desenvolve as suas indústrias, nem a economia.
Disso nunca tive dúvidas. E por isso é preferível não.
No entanto, qual é o país que pode impedir que o amor
entre? Não é mercadoria traficada em caixas,
que as caixas são objectos que se abrem ao meio
— e é possivel, com uma lanterna, olhar lá para dentro.
0 amor não se vê como
se fosse uma presença.
É demasiado completo
para ter uma forma. E como jamais
se conseguiram obter juros de uma coisa
que não ocupa espaço, é preferível não,
parece-me.

Gonçalo M. Tavares,

11 comentários:

Olívia Marques disse...

Gonçalo M. Tavares deixa-nos desarmados com esta novíssima forma de ver o mundo e de o escrever.
Há uma elaborada ironia nas entrelinhas dos seus escritos.
Fantástico!...

Um beijo

L.B.

Anónimo disse...

que lindo!!!!!

que jeito novo de falar de amor....adorei...

tava com saudade de vc...

beijos....



Zil

Roselia Bezerra disse...

Olá, Manuel
"É desarranjo de estratégias e planos,
surpresa ritmada, uma ilegalidade exaltante que não prejudica
os vizinhos".
Gostei desses versos...
Lindos!!!
Tenha paz!!!
Abraços fraternos

Laços e Rendas de Nós disse...

Esta, parece-me ser,uma visão economicista, com a qual não concordo

Até já se quer poupar no amor!!!

Onde a crise já chegou!

Boa semana.

Beijo

Maria José Rezende de Lacerda disse...

Olá amigo. Que forma fantástica de se escrever. Envolvente, peculiar, ímpar. Adorei. Beijos.

angela disse...

Ótimo texto. Gostei muito
beijos

Beth/Lilás disse...

Lindas reflexões sobre o Amor!
beijos cariocas

Ilaine disse...

" O amor é demasiado completo para ter uma forma..." Que boa escolha, um poema encantador.

Beijo

franciete disse...

Amigo o amor alem de outras coisas não paga fronteiras nem é revistado nos aeroportos, ele é simplesmente livre, e mais, ele é como uma gripe que a podes apanhar em qualquer estação sem que tu te dês conta. Assim como o pensamento, o amor é livre e não tem impostos para pagar às finanças, nem entra nos acordos da Troica, beijinhos de luz e paz...

Vivian disse...

Olá,Manuel!

É uma forma de ver...

Beijos pra ti!
Bom começo de semana!

Smareis disse...

Gostei do texto. O amor não rende juros, mas rende muitas alegrias na vida. Adorei o texto, muito bem composto. Um beijo e ótima semana!

Smareis