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segunda-feira, 16 de junho de 2008

Os Lusíados.


Os Lusíadas - Canto I

1

As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

2

E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis, que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando;
E aqueles, que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando;
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

3

Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a Musa antígua canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.

4

E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mim um novo engenho ardente,
Se sempre em verso humilde celebrado
Foi de mim vosso rio alegremente,
Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloquo e corrente,
Porque de vossas águas, Febo ordene
Que não tenham inveja às de Hipoerene.

5

Dai-me uma fúria grande e sonorosa,
E não de agreste avena ou frauta ruda,
Mas de tuba canora e belicosa,
Que o peito acende e a cor ao gesto muda;
Dai-me igual canto aos feitos da famosa
Gente vossa, que a Marte tanto ajuda;
Que se espalhe e se cante no universo,
Se tão sublime preço cabe em verso.

6

E vós, ó bem nascida segurança
Da Lusitana antígua liberdade,
E não menos certíssima esperança
De aumento da pequena Cristandade;
Vós, ó novo temor da Maura lança,
Maravilha fatal da nossa idade,
Dada ao mundo por Deus, que todo o mande,
Para do mundo a Deus dar parte grande;

7

Vós, tenro e novo ramo florescente
De uma árvore de Cristo mais amada
Que nenhuma nascida no Ocidente,
Cesárea ou Cristianíssima chamada;
(Vede-o no vosso escudo, que presente
Vos amostra a vitória já passada,
Na qual vos deu por armas, e deixou
As que Ele para si na Cruz tomou)

8

Vós, poderoso Rei, cujo alto Império
O Sol, logo em nascendo, vê primeiro;
Vê-o também no meio do Hemisfério,
E quando desce o deixa derradeiro;
Vós, que esperamos jugo e vitupério
Do torpe Ismaelita cavaleiro,
Do Turco oriental, e do Gentio,
Que inda bebe o licor do santo rio;

9

Inclinai por um pouco a majestade,
Que nesse tenro gesto vos contemplo,
Que já se mostra qual na inteira idade,
Quando subindo ireis ao eterno templo;
Os olhos da real benignidade
Ponde no chão: vereis um novo exemplo
De amor dos pátrios feitos valerosos,
Em versos divulgado numerosos.

10

Vereis amor da pátria, não movido
De prémio vil, mas alto e quase eterno:
Que não é prémio vil ser conhecido
Por um pregão do ninho meu paterno.
Ouvi: vereis o nome engrandecido
Daqueles de quem sois senhor superno,
E julgareis qual é mais excelente,
Se ser do mundo Rei, se de til gente.

11

Ouvi, que não vereis com vãs façanhas,
Fantásticas, fingidas, mentirosas,
Louvar os vossos, como nas estranhas
Musas, de engrandecer-se desejosas:
As verdadeiras vossas são tamanhas,
Que excedem as sonhadas, fabulosas;
Que excedem Rodamonte, e o vão Rugeiro,
E Orlando, inda que fora verdadeiro,

12

Por estes vos darei um Nuno fero,
Que fez ao Rei o ao Reino tal serviço,
Um Egas, e um D. Fuas, que de Homero
A cítara para eles só cobiço.
Pois pelos doze Pares dar-vos quero
Os doze de Inglaterra, e o seu Magriço;
Dou-vos também aquele ilustre Gama,
Que para si de Eneias toma a fama.

13

Pois se a troco de Carlos, Rei de França,
Ou de César, quereis igual memória,
Vede o primeiro Afonso, cuja lança
Escura faz qualquer estranha glória;
E aquele que a seu Reino a segurança
Deixou com a grande e próspera vitória;
Outro Joane, invicto cavaleiro,
O quarto e quinto Afonsos, e o terceiro.

14

Nem deixarão meus versos esquecidos
Aqueles que nos Reinos lá da Aurora
Fizeram, só por armas tão subidos,
Vossa bandeira sempre vencedora:
Um Pacheco fortíssimo, e os temidos
Almeidas, por quem sempre o Tejo chora;
Albuquerque terríbil, Castro forte,
E outros em quem poder não teve a morte.

15

E enquanto eu estes canto, e a vós não posso,
Sublime Rei, que não me atrevo a tanto,
Tomai as rédeas vós do Reino vosso:
Dareis matéria a nunca ouvido canto.
Comecem a sentir o peso grosso
(Que pelo mundo todo faça espanto)
De exércitos e feitos singulares,
De África as terras, e do Oriente os marços,

16

Em vós os olhos tem o Mouro frio,
Em quem vê seu exício afigurado;
Só com vos ver o bárbaro Gentio
Mostra o pescoço ao jugo já inclinado;
Tethys todo o cerúleo senhorio
Tem para vós por dote aparelhado;
Que afeiçoada ao gesto belo e tenro,
Deseja de comprar-vos para genro.

17

Em vós se vêm da olímpica morada
Dos dois avós as almas cá famosas,
Uma na paz angélica dourada,
Outra pelas batalhas sanguinosas;
Em vós esperam ver-se renovada
Sua memória e obras valerosas;
E lá vos tem lugar, no fim da idade,
No templo da suprema Eternidade.

18

Mas enquanto este tempo passa lento
De regerdes os povos, que o desejam,
Dai vós favor ao novo atrevimento,
Para que estes meus versos vossos sejam;
E vereis ir cortando o salso argento
Os vossos Argonautas, por que vejam
Que são vistos de vós no mar irado,
E costumai-vos já a ser invocado.

19

Já no largo Oceano navegavam,
As inquietas ondas apartando;
Os ventos brandamente respiravam,
Das naus as velas côncavas inchando;
Da branca escuma os mares se mostravam
Cobertos, onde as proas vão cortando
As marítimas águas consagradas,
Que do gado de Próteo são cortadas

20

Quando os Deuses no Olimpo luminoso,
Onde o governo está da humana gente,
Se ajuntam em concílio glorioso
Sobre as cousas futuras do Oriente.
Pisando o cristalino Céu formoso,
Vêm pela Via-Láctea juntamente,
Convocados da parte do Tonante,
Pelo neto gentil do velho Atlante.

21

Deixam dos sete Céus o regimento,
Que do poder mais alto lhe foi dado,
Alto poder, que só co'o pensamento
Governa o Céu, a Terra, e o Mar irado.
Ali se acharam juntos num momento
Os que habitam o Arcturo congelado,
E os que o Austro tem, e as partes onde
A Aurora nasce, e o claro Sol se esconde.

22

Estava o Padre ali sublime e dino,
Que vibra os feros raios de Vulcano,
Num assento de estrelas cristalino,
Com gesto alto, severo e soberano.
Do rosto respirava um ar divino,
Que divino tornara um corpo humano;
Com uma coroa e ceptro rutilante,

23

Em luzentes assentos, marchetados
De ouro e de perlas, mais abaixo estavam
Os outros Deuses todos assentados,
Como a razão e a ordem concertavam:
Precedem os antíguos mais honrados;
Mais abaixo os menores se assentavam;
Quando Júpiter alto, assim dizendo,
C'um tom de voz começa, grave e horrendo:

24

"Eternos moradores do luzente
Estelífero pólo, e claro assento,
Se do grande valor da forte gente
De Luso não perdeis o pensamento,
Deveis de ter sabido claramente,
Como é dos fados grandes certo intento,
Que por ela se esqueçam os humanos
De Assírios, Persas, Gregos e Romanos.

25

"Já lhe foi (bem o vistes) concedido
C'um poder tão singelo e tão pequeno,
Tomar ao Mouro forte e guarnecido
Toda a terra, que rega o Tejo ameno:
Pois contra o Castelhano tão temido,
Sempre alcançou favor do Céu sereno.
Assim que sempre, enfim, com fama e glória,
Teve os troféus pendentes da vitória.

26

"Deixo, Deuses, atrás a fama antiga,
Que coa gente de Rómulo alcançaram,
Quando com Viriato, na inimiga
Guerra romana tanto se afamaram;
Também deixo a memória, que os obriga
A grande nome, quando alevantaram
Um por seu capitão, que peregrino
Fingiu na cerva espírito divino.

27

"Agora vedes bem que, cometendo
O duvidoso mar num lenho leve,
Por vias nunca usadas, não temendo
De Áf rico e Noto a força, a mais se atreve:
Que havendo tanto já que as partes vendo
Onde o dia é comprido e onde breve,
Inclinam seu propósito e porfia
A ver os berços onde nasce o dia.

28

"Prometido lhe está do Fado eterno,
Cuja alta Lei não pode ser quebrada,
Que tenham longos tempos o governo
Do mar, que vê do Sol a roxa entrada.
Nas águas têm passado o duro inverno;
A gente vem perdida e trabalhada;
Já parece bem feito que lhe seja
Mostrada a nova terra, que deseja.

29

"E porque, como vistes, têm passados
Na viagem tão ásperos perigos,
Tantos climas e céus experimentados,
Tanto furor de ventos inimigos,
Que sejam, determino, agasalhados
Nesta costa africana, como amigos.
E tendo guarnecida a lassa frota,
Tornarão a seguir sua longa rota."

30

Estas palavras Júpiter dizia,
Quando os Deuses por ordem respondendo,
Na sentença um do outro diferia,
Razões diversas dando e recebendo.
O padre Baco ali não consentia
No que Júpiter disse, conhecendo
Que esquecerão seus feitos no Oriente,
Se lá passar a Lusitana gente.

31

Ouvido tinha aos Fados que viria
Uma gente fortíssima de Espanha
Pelo mar alto, a qual sujeitaria
Da índia tudo quanto Dóris banha,
E com novas vitórias venceria
A fama antiga, ou sua, ou fosse estranha.
Altamente lhe dói perder a glória,
De que Nisa celebra inda a memória.

32

Vê que já teve o Indo sojugado,
E nunca lhe tirou Fortuna, ou caso,
Por vencedor da Índia ser cantado
De quantos bebem a água de Parnaso.
Teme agora que seja sepultado
Seu tão célebre nome em negro vaso
D'água do esquecimento, se lá chegam
Os fortes Portugueses, que navegam.

33

Sustentava contra ele Vénus bela,
Afeiçoada à gente Lusitana,
Por quantas qualidades via nela
Da antiga tão amada sua Romana;
Nos fortes corações, na grande estrela,
Que mostraram na terra Tingitana,
E na língua, na qual quando imagina,
Com pouca corrupção crê que é a Latina.

34

Estas causas moviam Citereia,
E mais, porque das Parcas claro entende
Que há de ser celebrada a clara Deia,
Onde a gente belígera se estende.
Assim que, um pela infâmia, que arreceia,
E o outro pelas honras, que pretende,
Debatem, e na porfia permanecem;
A qualquer seus amigos favorecem.

35

Qual Austro fero, ou Bóreas na espessura
De silvestre arvoredo abastecida,
Rompendo os ramos vão da mata escura,
Com ímpeto e braveza desmedida;
Brama toda a montanha, o som murmura,
Rompem-se as folhas, ferve a serra erguida:
Tal andava o tumulto levantado,
Entre os Deuses, no Olimpo consagrado.

36

Mas Marte, que da Deusa sustentava
Entre todos as partes em porfia,
Ou porque o amor antigo o obrigava,
Ou porque a gente forte o merecia,
De entre os Deuses em pé se levantava:
Merencório no gesto parecia;
O forte escudo ao colo pendurado
Deitando para trás, medonho e irado,

37

A viseira do elmo de diamante
Alevantando um pouco, mui seguro,
Por dar seu parecer, se pôs diante
De Júpiter, armado, forte e duro:
E dando uma pancada penetrante,
Com o conto do bastão no sólio puro,
O Céu tremeu, e Apolo, de torvado,
Um pouco a luz perdeu, como enfiado.

38

E disse assim: "Ó Padre, a cujo império
Tudo aquilo obedece, que criaste,
Se esta gente, que busca outro hemisfério,
Cuja valia, e obras tanto amaste,
Não queres que padeçam vitupério,
Como há já tanto tempo que ordenaste,
Não onças mais, pois és juiz direito,
Razões de quem parece que é suspeito.

39

"Que, se aqui a razão se não mostrasse
Vencida do temor demasiado,
Bem fora que aqui Baco os sustentasse,
Pois que de Luso vem, seu tão privado;
Mas esta tenção sua agora passe,
Porque enfim vem de estâmago danado;
Que nunca tirará alheia inveja
O bem, que outrem merece, e o Céu deseja.

40

"E tu, Padre de grande fortaleza,
Da determinação, que tens tomada,
Não tornes por detrás, pois é fraqueza
Desistir-se da cousa começada.
Mercúrio, pois excede em ligeireza
Ao vento leve, e à seta bem talhada,
Lhe vá mostrar a terra, onde se informe
Da índia, e onde a gente se reforme."

41

Como isto disse, o Padre poderoso,
A cabeça inclinando, consentiu
No que disse Mavorte valeroso,
E néctar sobre todos esparziu.
Pelo caminho Lácteo glorioso
Logo cada um dos Deuses se partiu,
Fazendo seus reais acatamentos,
Para os determinados aposentos.

42

Enquanto isto se passa na formosa
Casa etérea do Olimpo onipotente,
Cortava o mar a gente belicosa,
Já lá da banda do Austro e do Oriente,
Entre a costa Etiópica e a famosa
Ilha de São Lourenço; e o Sol ardente
Queimava então os Deuses, que Tifeu
Com o temor grande em peixes converteu.


43

Tão brandamente os ventos os levavam,
Como quem o céu tinha por amigo:
Sereno o ar, e os tempos se mostravam
Sem nuvens, sem receio de perigo.
O promontório Prasso já passavam,
Na costa de Etiópia, nome antigo,
Quando o mar descobrindo lhe mostrava
Novas ilhas, que em torno cerca e lava.

44

Vasco da Gama, o forte capitão,
Que a tamanhas empresas se oferece,
De soberbo e de altivo coração,
A quem Fortuna sempre favorece,
Para se aqui deter não vê razão,
Que inabitada a terra lhe parece:
Por diante passar determinava;
Mas não lhe sucedeu como cuidava.

45

Eis aparecem logo em companhia
Uns pequenos batéis, que vêm daquela
Que mais chegada à terra parecia,
Cortando o longo mar com larga vela.
A gente se alvoroça, e de alegria
Não sabe mais que olhar a causa dela.
Que gente será esta, em si diziam,
Que costumes, que Lei, que Rei teriam?

46

As embarcações eram, na maneira,
Mui veloces, estreitas e compridas:
As velas, com que, vêm, eram de esteira
Dumas folhas de palma, bem tecidas;
A gente da cor era verdadeira,
Que Faeton, nas terras acendidas,
Ao mundo deu, de ousado, o não prudente:
O Pado o sabe, o Lampetusa o sente.

47

De panos de algodão vinham vestidos,
De várias cores, brancos e listrados:
Uns trazem derredor de si cingidos,
Outros em modo airoso sobraçados:
Da cinta para cima vêm despidos;
Por armas têm adargas o terçados;
Com toucas na cabeça; e navegando,
Anafis sonoros vão tocando.

48

Co'os panos e co'os braços acenavam
As gentes Lusitanas, que esperassem;
Mas já as proas ligeiras se inclinavam
Para que junto às ilhas amainassem.
A ,ente e marinheiros trabalhavam,
Como se aqui os trabalhos se acabassem;
Tomam velas; amaina-se a verga alta;
Da âncora, o mar ferido, em cima salta.

49

Não eram ancorados, quando a gente
Estranha pelas cordas já subia.
No gesto ledos vêm, e humanamente
O Capitão sublime os recebia:
As mesas manda pôr em continente;
Do licor que Lieo prantado havia
Enchem vasos de vidro, e do que deitam,
Os de Faeton queimados nada enjeitam.

50

Comendo alegremente perguntavam,
Pela Arábica língua, donde vinham,
Quem eram, de que terra, que buscavam,
Ou que partes do mar corrido tinham?
Os fortes Lusitanos lhe tornavam
As discretas respostas, que convinham:
"Os Portugueses somos do Ocidente,
Imos buscando as terras do Oriente.

51

"Do mar temos corrido e navegado
Toda a parte do Antártico e Calisto,
Toda a costa Africana rodeado,
Diversos céus e terras temos visto;
Dum Rei potente somos, tão amado,
Tão querido de todos, e benquisto,
Que não no largo mar, com leda fronte,
Mas no lago entraremos de Aqueronte.

52

"E por mandado seu, buscando andamos
A terra Oriental que o Indo rega;
Por ele, o mar remoto navegamos,
Que só dos feios focas se navega.
Mas já razão parece que saibamos,
Se entre vós a verdade não se nega,
Quem sois, que terra é esta que habitais,
Ou se tendes da Índia alguns sinais?"

53

"Somos, um dos das ilhas lhe tornou,
Estrangeiros na terra, Lei e nação;
Que os próprios são aqueles, que criou
A natura sem Lei e sem razão.
Nós temos a Lei certa, que ensinou
O claro descendente de Abraão
Que agora tem do mundo o senhorio,
A mãe Hebréia teve, e o pai Gentio.
Informações. A Ilha de Moçambique.

54

"Esta ilha pequena, que habitamos,
em toda esta terra certa escala
De todos os que as ondas navegamos
De Quíloa, de Mombaça e de Sofala;
E, por ser necessária, procuramos,
Como próprios da terra, de habitá-la;
E por que tudo enfim vos notifique,
Chama-se a pequena ilha Moçambique.

55

"E já que de tão longe navegais,
Buscando o Indo Idaspe e terra ardente,
Piloto aqui tereis, por quem sejais
Guiados pelas ondas sabiamente.
Também será bem feito que tenhais
Da terra algum refresco, e que o Regente
Que esta terra governa, que vos veja,
E do mais necessário vos proveja."

56

Isto dizendo, o Mouro se tornou
A seus batéis com toda a companhia;
Do Capitão e gente se apartou
Com mostras de devida cortesia.
Nisto Febo nas águas encerrou,
Co'o carro de cristal, o claro dia,
Dando cargo à irmã, que alumiasse
O largo mundo, enquanto repousasse.

57

A noite se passou na lassa frota
Com estranha alegria, e não cuidada,
Por acharem da terra tão remota
Nova de tanto tempo desejada.
Qualquer então consigo cuida e nota
Na gente e na maneira desusada,
E como os que na errada Seita creram,
Tanto por todo o mundo se estenderam,

58

Da Lua os claros raios rutilavam
Pelas argênteas ondas Neptuninas,
As estrelas os Céus acompanhavam,
Qual campo revestido de boninas;
Os furiosos ventos repousavam
Pelas covas escuras peregrinas;
Porém da armada a gente vigiava,
Como por longo tempo costumava.

59

Mas assim como a Aurora marchetada
Os formosos cabelos espalhou
No Céu sereno, abrindo a roxa entrada
Ao claro Hiperiónio, que acordou,
Começa a embandeirar-se toda a armada,
E de toldos alegres se adornou,
Por receber com festas e alegria
O Regedor das ilhas, que partia.

60

Partia alegremente navegando,
A ver as naus ligeiras Lusitanas,
Com refresco da terra, em si cuidando
Que são aquelas gentes inumanas,
Que, os aposentos cáspios habitando,
A conquistar as terras Asianas
Vieram; e por ordem do Destino,
O Império tomaram a Constantino.

61

Recebe o Capitão alegremente
O Mouro, e toda a sua companhia;
Dá-lhe de ricas peças um presente,
Que só para este efeito já trazia;
Dá-lhe conserva doce, e dá-lhe o ardente
Não usado licor, que dá alegria.
Tudo o Mouro contente bem recebe;
E muito mais contente come e bebe.

62

Está a gente marítima de Luso
Subida pela enxárcia, de admirada,
Notando o estrangeiro modo e uso,
E a linguagem tão bárbara e enleada.
Também o Mouro astuto está confuso,
Olhando a cor, o trajo, e a forte armada;
E perguntando tudo, lhe dizia
"Se por ventura vinham de Turquia?"

63

E mais lhe diz também, que ver deseja
Os livros de sua Lei, preceito eu fé,
Para ver se conforme à sua seja,
Ou se são dos de Cristo, como Crê.
E porque tudo note e tudo veja,
Ao Capitão pedia que lhe dê
Mostra das fortes armas de que usavam,
Quando co'os inimigos pelejavam.

64

Responde o valeroso Capitão
Por um, que a língua escura bem sabia:
"Dar-te-ei, Senhor ilustre, relação
De mim, da Lei, das armas que trazia.
Nem sou da terra, nem da geração
Das gentes enojosas de Turquia:
Mas sou da forte Europa belicosa,
Busco as terras da índia tão famosa.

65

A lei tenho daquele, a cujo império
Obedece o visíbil e ínvisíbil
Aquele que criou todo o Hemisfério,
Tudo o que sente, o todo o insensíbil;
Que padeceu desonra e vitupério,
Sofrendo morte injusta e insofríbil,
E que do Céu à Terra, enfim desceu,
Por subir os mortais da Terra ao Céu.

66

Deste Deus-Homem, alto e infinito,
Os livros, que tu pedes não trazia,
Que bem posso escusar trazer escrito
Em papel o que na alma andar devia.
Se as armas queres ver, como tens dito,
Cumprido esse desejo te seria;
Como amigo as verás; porque eu me obrigo,
Que nunca as queiras ver como inimigo."

67

Isto dizendo, manda os diligentes
Ministros amostrar as armaduras:
Vêm arneses, e peitos reluzentes,
Malhas finas, e lâminas seguras,
Escudos de pinturas diferentes,
Pelouros, espingardas de aço puras,
Arcos, e sagitíferas aljavas,
Partazanas agudas, chuças bravas:

68

As bombas vêm de fogo, e juntamente
As panelas sulfúreas, tão danosas;
Porém aos de Vulcano não consente
Que dêem fogo às bombardas temerosas;
Porque o generoso ânimo e valente,
Entre gentes tão poucas e medrosas,
Não mostra quanto pode, e com razão,
Que é fraqueza entre ovelhas ser leão.

69

Porém disto, que o Mouro aqui notou,
E de tudo o que viu com olho atento
Um ódio certo na alma lhe ficou,
Uma vontade má de pensamento.
Nas mostras e no gesto o não mostrou;
Mas com risonho e ledo fingimento
Tratá-los brandamente determina,
Até que mostrar possa o que imagina.

70

Pilotos lhe pedia o Capitão,
Por quem pudesse à Índia ser levado;
Diz-lhe que o largo prémio levarão
Do trabalho que nisso for tomado.
Promete-lhos o Mouro, com tenção
De peito venenoso, e tão danado,
Que a morte, se pudesse, neste dia,
Em lugar de pilotos lhe daria.


71

Tamanho o ódio foi, e a má vontade,
Que aos estrangeiros súbito tomou,
Sabendo ser sequazes da verdade,
Que o Filho de David nos ensinou.
ó segredos daquela Eternidade,
A quem juízo algum nunca alcançou!
Que nunca falte um pérfido inimigo
Aqueles de quem foste tanto amigo!

72

Partiu-se Disto enfim coa companhia,
Das naus o falso Mouro despedido,
Com enganosa e grande cortesia,
Com gesto ledo a todos, e fingido.
Cortaram os batéis a curta via
Das águas de Neptuno, e recebido
Na terra do obsequente ajuntamento
Se foi o Mouro ao cógnito aposento.

73

Do claro assento etóreo o grão Tebano,
Que da paternal coxa foi nascido,
Olhando o ajuntamento Lusitano
Ao Mouro ser molesto e avorrecido,
No pensamento cuida um falso engano,
Com que seja de todo destruído.
E enquanto isto só na alma imaginava,
Consigo estas palavras praticava:

74

"Está do fado já determinado,
Que tamanhas vitórias, tão famosas,
Hajam os Portugueses alcançado
Das Indianas gentes belicosas.
E eu só, filho do Padre sublimado,
Com tantas qualidades generosas,
Hei de sofrer que o fado favoreça
Outrem, por quem meu nome se escureça?

75

"Já quiseram os Deuses que tivesse
O filho de Filipo nesta parte
Tanto poder, que tudo submetesse
Debaixo de seu jugo o fero Marte.
Mas há-se de sofrer que o fado desse
A tão poucos tamanho esforço e arte,
Que eu co'o grão Macedónio, e o Romano,
Demos lugar ao nome Lusitano?

76

"Não será assim, porque antes que chegado
Seja este Capitão, astutamente
Lhe será tanto engano fabricados
Que nunca veja as partes do Oriente.
Eu descerei à Terra, e o indignado
Peito revolverei da Maura gente;
Porque sempre por via irá direita
Quem do oportuno tempo se aproveita."

77

Isto dizendo, irado e quase insano,
Sobre a terra africana descendeu,
Onde vestindo a forma e gesto humano,
Para o Prasso sabido se moveu.
E por melhor tecer o astuto engano,
No gesto natural se converteu
Dum Mouro, em Moçambique conhecido
Velho, sábio, e co'o Xeque mui valido.

78

E entrando assim a falar-lhe a tempo e horas
A sua falsidade acomodadas,
Lhe diz como eram gentes roubadoras,
Estas que ora de novo são chegadas;
Que das nações na costa moradoras
Correndo a fama veio que roubadas
Foram por estes homens que passavam,
Que com pactos de paz sempre ancoravam.

79

E sabe mais, lhe diz, como entendido
Tenho destes cristãos sanguinolentos,
Que quase todo o mar têm destruído
Com roubos, com incêndios violentos;
E trazem já de longe engano urdido
Contra nós; e que todos seus intentos
São para nos matarem e roubarem,
E mulheres e filhos cativarem.

80

"E também sei que tem determinado
De vir por água a terra muito cedo
O Capitão dos seus acompanhado,
Que da tensão danada nasce o medo.
Tu deves de ir também co'os teus armado
Esperá-lo em cilada, oculto e quedo;
Porque, saindo a gente descuidada,
Cairão facilmente na cilada.

81

"E se inda não ficarem deste jeito
Destruídos, ou mortos totalmente
Eu tenho imaginado no conceito
Outra manha e ardil, que te contente:
Manda-lhe dar piloto, que de jeito
Seja astuto no engano, e tão prudente,
Que os leve aonde sejam destruídos,
Desbaratados, mortos, ou perdidos."

82

Tanto que estas palavras acabou,
O Mouro, nos tais casos sábio e velho,
Os braços pelo colo lhe lançou,
Agradecendo muito o tal conselho;
E logo nesse instante concertou
Para a guerra o belígero aparelho,
Para que ao Português se lhe tornasse
Em roxo sangue a água, que buscasse.

83

E busca mais, para o cuidado engano,
Mouro, que por piloto à nau lhe mande,
Sagaz, astuto, e sábio em todo o dano,
De quem fiar-se possa um feito grande.
Diz-lhe que acompanhando o Lusitano,
Por tais costas e mares com ele ande,
Que, se daqui escapar, que lá diante
Vá cair onde nunca se alevante.

84

Já o raio Apolíneo visitava
Os montes Nabatêos acendido,
Quando o Gama, colos seus determinava
De vir por água a terra apercebido.
A gente nos batéis se concertava,
Como se fosse o engano já sabido:
Mas pode suspeitar-se facilmente,
Que o coração pressago nunca mente.

85

E mais também mandado tinha a terra,
De antes, pelo piloto necessário,
E foi-lhe respondido em som de guerra,
Caso do que cuidava mui contrário;
Por isto, e porque sabe quanto erra
Quem se crê de seu pérfido adversário,
Apercebido vai como podia,
Em três batéis somente que trazia.

86

Mas os Mouros que andavam pela praia,
Por lhe defender a água desejada,
Um de escudo embraçado e de azagaia,
Outro de arco encurvado e seta ervada,
Esperam que a guerreira gente saia,
Outros muitos já postos em cilada.
E, porque o caso leve se lhe faça,
Põem uns poucos diante por negaça,

87

Andam pela ribeira alva, arenosa,
Os belicosos Mouros acenando
Com a adarga e co'a hástia perigosa,
Os fortes Portugueses incitando.
Não sofre muito a gente generosa
Andar-lhe os cães os dentes amostrando.
Qualquer em terra salta tão ligeiro,
Que nenhum dizer pode que é primeiro.

88

Qual no corro sanguino o ledo amante,
Vendo a formosa dama desejada,
O touro busca, e pondo-se diante,
Salta, corre, sibila, acena, e brada,
Mas o animal atroce, nesse instante,
Com a fronte cornígera inclinada,
Bramando duro corre, e os olhos cerra,
Derriba, fere e mata, e põe por terra:

89

Eis nos batéis o fogo se levanta
Na furiosa e dura artilharia,
A plúmbea péla mata, o brado espanta,
Ferido o ar retumba e assovia:
O coração dos Mouros se quebranta,
O temor grande o sangue lhe resfria.
Já foge o escondido de medroso,
E morre o descoberto aventuroso.

90

Não se contenta a gente Portuguesa,
Mas seguindo a vitória estrui e mata;
A povoação, sem muro e sem defesa,
Esbombardeia, acende e desbarata.
Da cavalgada ao Mouro já lhe pesa,
Que bem cuidou comprá-la mais barata;
Já blasfema da guerra, e maldizia,
O velho inerte, e a mãe que o filho cria.

91

Fugindo, a seta o Mouro vai tirando
Sem força, de covarde e de apressado,
A pedra, o pau, e o canto arremessando;
Dá-lhe armas o furor desatinado.
Já a ilha e todo o mais desemparando,
A terra firme foge amedrontado;
Passa e corta do mar o estreito braço,
Que a ilha em torno cerca, em pouco espaço

92

Uns vão nas almadias carregadas,
Um corta o mar a nado diligente,
Quem se afoga nas ondas encurvadas,
Quem bebe o mar, e o deita juntamente.
Arrombam as miúdas bombardadas
Os pangaios subtis da bruta gente:
Desta arte o Português enfim castiga
A vil malícia, pérfida, inimiga.

93

Tornam vitoriosos para a armada,
Co'o despojo da guerra e rica presa,
E vão a seu prazer fazer aguada,
Sem achar resistência, nem defesa.
Ficava a Maura gente magoada,
No ódio antigo mais que nunca acesa;
E vendo sem vingança tanto dano,
Somente estriba no segundo engano.

94

Pazes cometer manda arrependido
O Regedor daquela iníqua terra,
Sem ser dos Lusitanos entendido,
Que em figura de paz lhe manda guerra;
Porque o piloto falso prometido,
Que toda a má tenção no peito encerra,
Para os guiar à morte lhe mandava,
Como em sinal das pazes que tratava.

95

O Capitão, que já lhe então convinha
Tornar a seu caminho acostumado,
Que tempo concertado e ventos tinha
Para ir buscar o Indo desejado,
Recebendo o piloto, que lhe vinha,
Foi dele alegremente agasalhado;
E respondendo ao mensageiro a tento,
As velas manda dar ao largo vento.

96

Desta arte despedida a forte armada,
As ondas de Anfitrite dividia,
Das filhas de Nereu acompanhada,
Fiel, alegre e doce companhia.
O Capitão, que não caía em nada
Do enganoso ardil, que o Mouro urdia,
Dele mui largamente se informava
Da Índia toda, e costas que passava.

97

Mas o Mouro, instruído nos enganos
Que o malévolo Baco lhe ensinara,
De morte ou cativeiro novos danos,
Antes que à Índia chegue, lhe prepara:
Dando razões dos portos Indianos,
Também tudo o que pede lhe declara,
Que, havendo por verdade o que dizia,
De nada a forte gente se temia.

98

E diz-lhe mais, com o falso pensamento
Com que Sinon os Frígios enganou:
Que perto está uma ilha, cujo assento
Povo antigo cristão sempre habitou.
O Capitão, que a tudo estava a tento,
Tanto com estas novas se alegrou,
Que com dádivas grandes lhe rogava,
Que o leve à terra onde esta gente estava.

99

O mesmo o falso Mouro determina,
Que o seguro Cristão lhe manda e pede;
Que a ilha é possuída da malina
Gente que segue o torpe Mahamede.
Aqui o engano e morte lhe imagina,
Porque em poder e forças muito excede
A Moçambique esta ilha, que se chama
Quíloa, mui conhecida pela fama.

100

Para lá se inclinava a leda frota;
Mas a Deusa em Citere celebrada,
Vendo como deixava a certa rota
Por ir buscar a morte não cuidada,
Não consente que em terra tão remota
Se perca a gente dela tanto amada.
E com ventos contrários a desvia
Donde o piloto falso a leva e guia.

101

Mas o malvado Mouro, não podendo
Tal determinação levar avante,
Outra maldade iníqua cometendo,
Ainda em seu propósito constante,
Lhe diz que, pois as águas discorrendo
Os levaram por força por diante,
Que outra ilha tem perto, cuja gente
Eram Cristãos com Mouros juntamente.

102

Também nestas palavras lhe mentia,
Como por regimento enfim levava,
Que aqui gente de Cristo não havia,
Mas a que a Mahamede celebrava.
O Capitão, que em tudo o Mouro cria,
Virando as velas, a ilha demandava;
Mas, não querendo a Deusa guardadora,
Não entra pela barra, e surge fora.

103

Estava a ilha à terra tão chegada,
Que um estreito pequeno a dividia;
Uma cidade nela situada,
Que na fronte do mar aparecia,
De nobres edifícios fabricada,
Como por fora ao longe descobria,
Regida por um Rei de antiga idade:
Mombaça é o nome da ilha e da cidade.

104

E sendo a ela o Capitão chegado,
Estranhamente ledo, porque espera
De poder ver o povo batizado,
Como o falso piloto lhe dissera,
Eis vêm batéis da terra com recado
Do Rei, que já sabia a gente que era:
Que Baco muito de antes o avisara,
Na forma doutro Mouro, que tomara.

105

O recado que trazem é de amigos,
Mas debaixo o veneno vem coberto;
Que os pensamentos eram de inimigos,
Segundo foi o engano descoberto.
Ó grandes e gravíssimos perigos!
Ó caminho de vida nunca certo:
Que aonde a gente põe sua esperança,
Tenha a vida tão pouca segurança!

106

No mar tanta tormenta, e tanto dano,
Tantas vezes a morte apercebida!
Na terra tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade avorrecida!
Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme, e se indigne o Céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno?

domingo, 15 de junho de 2008

Grupo A (euro 2008)


EURO'2008 - GRUPO A (3.ª JORNADA)
SUÍÇA-PORTUGAL
Estádio: St. Jakob-Park, Basileia
Hora: 19:15
Árbitro: Konrad Plautz (Áustria)

EQUIPAS OFICIAIS

SUÍÇA
18-Pascal Zuberbuhler (37 anos-50 internacionalizações-0 golos)
5-Stephan Lichtsteiner (24-14-0)
4-Philippe Senderos (23-30-3)
20-Patrick Muller (31-80-3)
3-Ludovic Magnin (29-52-3)
15-Gelson Fernandes (21-10-0)
8-Gokhan Inler (23-19-1)
19-Valon Behrami (23-18-2)
22-Johan Vonlanthen (22-32-6)
10-Hakan Yakin (31-68-16)
12-Eren Derdiyok (20-5-1)

Suplentes
1-Diego Benaglio (24 anos-14 internacionalizações-0 golos)
21-Eldin Jakupovic (23-0-0)
2-Johan Djourou (21-17-1)
6-Benjamin Huggel (20-25-0)
7-Ricardo Cabanas (29-50-4)
13-Stephane Grichting (29-18-0)
14-Daniel Gygax (26-35-5)
16-Tranquillo Barnetta (23-34-6)
17-Christoph Spycher (30-39-0)
23-Philipp Degen (25-30-0)

Treinador
Köbi Kuhn

PORTUGAL
1 - Ricardo (32-77-0)
13 - Miguel (28-47-1)
15 - Pepe (25-5-1)
3 - Bruno Alves (26-11-1)
2 - Paulo Ferreira (29-49-1)
5 - Fernando Meira (30-51-2)
6 - Raul Meireles (25-10-1)
18 - Miguel Veloso (22-6-0)
19 - Nani (21-14-2)
17 - Ricardo Quaresma (24-22-3)
23 - Hélder Postiga (25-32-10)

Suplentes
22 - Rui Patrício (20-0-0)
12 - Nuno Espírito Santo (34-0-0)
4 - José Bosingwa (25-10-0)
7 - Cristiano Ronaldo (23-57-21)
8 - Petit (31-56-3)
9 - Hugo Almeida (24-10-2)
10 - João Moutinho (21-15-1)
11 - Simão Sabrosa (28-63-15)
14 - Jorge Ribeiro (26-8-0)
16 - Ricardo Carvalho (30-45-4)
20 - Deco (30-55-4)
21 - Nuno Gomes (31-71-28)

Treinador
Luiz Felipe Scolari

Resultado 2-0 A favor da equipa Helvética.

AMAR É:


AMAR É MAIS QUE DIZER QUE AMA, É RESPEITAR A PRESENÇA NA AUSÊNCIA, É LEMBRAR COM TERNURA NA ALMA O SER AMADO, É SENTIR APERTO NO CORAÇÃO EM APENAS OUVIR O NOME DE QUEM SE AMA. É APRENDER A ENTENDER AINDA QUE NÃO SEJA A COISA CERTA. AMAR É A ENTREGA DA ALMA SEM ARREPENDIMENTOS E SEM MEDO DE SENTIR DOR,POR QUE AMAR É DELEITE PRA ALMA,MAS AMAR TAMBÉM É SOFRER.

Anedotas da nossa história!

O MARIALVA E O REI.

Em 1807, o 6º Marquês de Marialva (um dos possíveis pais de D. Miguel) foi enviado a França como embaixador. A única coisa de realce que faz foi pedir a Napoleão a destituição do Rei que o enviara e a investidura de outro rei, à escolha de Napoleão!
Pouco depois, as tropas de Junot invadiam Portugal...
Pode-se pensar em traição ao rei, mas provavelmente a sua nomeação como embaixador foi a paga pelos serviços de cama à mulher... e a destituição do rei era um serviço à rainha...
Quanto a D. João VI, como não podia deixar de ser, perdoou esta traição ao Marialva, e em 1814 aí estava ele de novo em Paris, como embaixador!

Cenas mirambolantes

Literatura portuguesa



Leitura para a semana:

Flamingos dourados.

Esta é a história de um homem condenado ao esquecimento. O infeliz que encontrei numa taberna(que são as salas de estar nacionais) chama-se Francisco Manuel, passou seis anos preso no Forte da Torre e está, desde que de lá saiu, internado num depósito de mortos-vivos que não consta de nenhum roteiro da cidade. Foi acusado de um crime que garante não ter cometido, como vingança por outros em que terá participado, mas que não podem ser levados a tribunal, pois comprometeriam quem o acusa, que é simultaneamente quem o condenou e querem dele uma jóia da coroa desaparecida no tempo do António, Prior do Crato, quando fugiu de Portugal com o escrínio real! O tema da narrativa parece ser o da justiça, de obter uma reparação para a injustiça que se abateu sobre Francisco Manuel, mas nenhuma das personagens acredita na justiça, incluindo um Procurador-Geral da República.

De Carlos Vale Ferraz,pseudónio literário de Carlos Matos Gomes,nasceu a 24 de Julho em Vila nova da Barquinha.

sábado, 14 de junho de 2008

Poesias eternas.


Súplica.

Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.

Miguel Torga

"Cenas mirambolantes."

Anedotas da nossa história.

A FAMÍLIA REAL PORTUGUESA;

Escreveu a francesa Laura Permon, mulher do embaixador Junot em Portugal: “Mas o indubitável é que (D. Miguel) não é filho de D. João VI. Aliás, tão pouco se parece com a sua mãe, nem com nenhum membro da família de Bragança, o que também se observa nos outros filhos da princesa do Brasil” (Mário Domingues, Junot em Portugal, cit. VB-211)

História de Portugal.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

"Cenas mirambolantes."

Guardador de rebanhos.



O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.

Pensar numa flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei da verdade e sou feliz.

Alberto Caeiro, Heterónimo de Fernado Pessoa

Voltar a ser criança.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Guerra Junqueiro.


Quando a alma, ao termo de mil hesitações e desenganos, cravou as raízes para sempre num ideal de amor e de verdade, podem calcá-la e torturá-la, podem-na ferir e ensanguentar, que quanto mais a calcam, mais ela penetra no seio ardente que deseja.

Noitadas santas.


— Meu Santo António querido/ meu santo de carne e osso/ se tu não me dás um marido/ não tiro do poço.— Meu Santo António querido/ eu vos peço por quem sois/ dai-me o primeiro marido/ que os outros eu arranjo depois.

Âmbar.

Receitas tradicionais da nossa região.

Magusto ou Couves a Murro




Ingredientes:
Para 6 pessoas

4 batatas médias ;
1 cebola ;
1 tomate ;
2 couves portuguesas ;
2 dentes de alho ;
5 dl de azeite ;
1 malagueta ;
750 g de pão de trigo ;
300 g de pão de milho
Confecção:

Separam-se as couves e dá-se-lhes um murro (pancada com o maço dos bifes) nos talos. Apertam-se as folhas da couve em molho com a mão esquerda (como quem vai cortar caldo verde). Puxam-se um pouco as folhas de couve e dá-se-lhes um murro, partindo-as nesse sítio com a mão, repetindo esta operação até ao fim das folhas.
Leva-se um tacho ao lume com água temperada com sal, com as couves, as batatas cortadas aos quadradinhos e a cebola e o tomate ás rodelas.
Quando tudo estiver cozido, retira-se o tacho do lume e avalia-se a quantidade de água relativamente à quantidade de pão. Se for necessário, junta-se nesta altura mais água, não sendo indicado fazê-lo mais tarde.
Introduz-se o pão (de trigo e de milho) cortado aos bocadinhos e mexe-se tudo, esmagando de modo a obter-se uma espécie de açorda. Rega-se então com o azeite e juntam-se os dentes de alho esborrachados e a malagueta (cornicho) ou pimenta. Envolve-se tudo muito bem e leva-se o tacho novamente ao lume a ferver, mexendo bem.
Come-se com um garfo, mas o preparado não deve ficar muito seco.
Acompanha-se com sardinhas assadas.

Anedotas da nossa história!

O PAI DE DOM MIGUEL

O erário público pagava a um Apontador para apontar as datas do acasalamento real, mas ele tinha pouco trabalho. Isso não impedia D. Carlota Joaquina de ter filhos com regularidade e, ao mesmo tempo, advogar inocência e dizer que era fiel a D. João VI, gerando assim filhos de imaculada Conceição!
No caso de D. Miguel, havia cerca de 2 anos que D. João VI não acasalava com a sua mãe. Mas uma coisa é saber-se que não era pai, outra é dizer quem era o pai, porque D. Carlota Joaquina não era fiel nem ao marido nem aos amantes!
Apesar de incerto, apontaram para o 6º Marquês de Marialva, D. Pedro José Joaquim Vito de Meneses Coutinho, por estar na lista daqueles a quem a rainha dava favores nocturnos e, por vezes, diurnos.
A dar substância a esta especulação está o facto de D. Miguel gostar de tourear (como todas as coisas tradicionais, dado ser avesso a tudo o que era novo), o Marquês ser o último de uma linhagem de toureiros e o seu avô, D. Pedro de Alcântara de Meneses, ter sido autor de um sistema de equitação taurina que cobrou o nome de Marialva!
Outros pais possíveis, na lista de Laura Permon, mulher do embaixador Junot em Portugal, são, segundo uns, um moço da cavalariça da rainha e segundo outros, um médico de Lisboa.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Grupo A (Euro 2008)


EURO'2008 - GRUPO A (2.ª JORNADA)
REP.CHECA-PORTUGAL
Estádio: Stade de Genève (Suíça)
Hora: 17:00
Árbitro: Kyros Vassaros (Grécia)

REPÚBLICA CHECA
1 - Petr Cech
2 - Zdenek Grygera
21 -Tomas Ujfalusi
22 - David Rozehnal
6 - Marek Jankulovski
3 - Jan Polak
17 - Marek Matejovsky
4 - Tomas Galasek
7 - Libor Sionko
20-Jaroslav Plasil
15 - Milan Baros

Suplentes
13-Michal Kadlec
5-Radoslav Kovac
9 - Jan Koller
14-David Jarolim
18-Tomas Sivok
19-Rudi Skacel
8-Martin Fenin
10-Vaclav Sverkos
11-Stanislav Vlcek
20-Jaroslav Plasil
16-Jaromir Blazek
23-David Zitka
12-Zdenek Pospech

Treinador: Karel Bruckner

PORTUGAL
1-Ricardo
4-José Bosingwa
15-Pepe
16-Ricardo Carvalho
2-Paulo Ferreira
8-Petit
20-Deco
10-João Moutinho
11-Simão Sabrosa
7-Cristiano Ronaldo
21-Nuno Gomes

Suplentes
3-Bruno Alves
5-Fernando Meira
6-Raul Meireles
9-Hugo Almeida
12-Nuno Esprito Santo
13-Miguel
14-Jorge Ribeiro
17-Ricardo Quaresma
18 Miguel Veloso
19-Nani
22-Rui Patricio
23-Helder Postiga

Treinador: Luiz Felipe Scolari

Resultado 1-3 victória da equipa Lusa

Ruas de Constância.


Praça Alexandre Herculano

Poeta fingidor!

Mário Vargas Llosa.


"Um público comprometido com a leitura é crítico, rebelde, inquieto, pouco manipulável e não crê em lemas que alguns fazem passar por idéias."
- Mário Vargas Llosa -

O nosso cérebre é incrível!

O nosso cérebro é doido !!!


De aorcdo com uma peqsiusa

de uma uinrvesriddae ignlsea,

não ipomtra em qaul odrem as

Lteras de uma plravaa etãso,

a úncia csioa iprotmatne é que

a piremria e útmlia Lteras etejasm

no lgaur crteo. O rseto pdoe ser

uma bçguana ttaol, que vcoê

anida pdoe ler sem pobrlmea.

Itso é poqrue nós não lmeos

cdaa Ltera isladoa, mas a plravaa

cmoo um tdoo.
Sohw de bloa.


Fixe seus olhos no texto abaixo e deixe que a sua mente leia corretamente o que está escrito.

35T3 P3QU3N0 T3XTO 53RV3 4P3N45 P4R4 M05TR4R COMO NO554 C4B3Ç4 CONS3GU3 F4Z3R CO1545 1MPR3551ON4ANT35! R3P4R3 N155O! NO COM3ÇO 35T4V4 M310 COMPL1C4DO, M45 N3ST4 L1NH4 SU4 M3NT3 V41 D3C1FR4NDO O CÓD1GO QU453 4UTOM4T1C4M3NT3, S3M PR3C1S4R P3N54R MU1TO, C3RTO? POD3 F1C4R B3M ORGULHO5O D155O! SU4 C4P4C1D4D3 M3R3C3! P4R4BÉN5!

terça-feira, 10 de junho de 2008

Medalha do concelho para agrupamento de escolas de Constância.



No passado dia 7 de Junho, por ocasião da inauguração das XIII Pomonas Camonianas, a Câmara Municipal de Constância distinguiu o Agrupamento de Escolas de Constância, atribuindo-lhe a Medalha do Concelho, pois, conforme se pode verificar na deliberação que abaixo se transcreve, quer seja através de iniciativas espontâneas ou concertadas, a actividade desta instituição de ensino tem-se pautado não só pelo conteúdo pedagógico mas também pelo empenho, dedicação e promoção da interacção social.









O Agrupamento de Escolas de Constância assume no nosso concelho um papel que vai para além de unidade organizacional, resultando claro o papel pró-activo que tem desempenhado no desenvolvimento da nossa comunidade.



É consensual o sentimento de que tem ocupado um lugar responsabilizado e responsabilizante e que não tem esquecido nunca a comunidade ao posicionar-se como parte integrante e agente de mudança na prossecução do desenvolvimento e bem-estar das nossas gentes, daqueles que directa e indirectamente são afectados com a sua existência e com as suas várias actividades.



Assim, porque quer através de iniciativas espontâneas ou concertadas, a sua actividade tem-se pautado não só pelo conteúdo pedagógico mas também pelo empenho, dedicação e promoção da interacção social e, contrariando as palavras de um reconhecido sociólogo, o mundo recompensa com mais frequência as aparências do mérito que o próprio mérito, a Câmara Municipal de Constância, em reunião do seu Executivo de 28 de Maio de 2008, deliberou por unanimidade atribuir ao Agrupamento de Escolas de Constância a Medalha do Concelho de Constância, a entregar aquando da inauguração das XIII Pomonas Camonianas.







Por CMC

Receitas da nossa região.


Argolinhas Fritas


Ingredientes:


4 ovos ;

1 limão ;

35 gr de manteiga ;

1 colher de sopa de azeite ;

1 colher de sopa de fermento em pó ;

1 colher de chá de canela ;

farinha para tender

Para a calda:

500 gr de açúcar ;

2 dl de água
Confecção:

Bata os ovos inteiros com a casca do limão ralada, a manteiga derretida, o azeite, a canela e a farinha, até tender. Deixe descansar a massa cerca de 1 hora. Tenda argolas e frite-as em óleo quente. Deixe arrefecer.
Entretanto, faça a calda: Leve o açúcar e a água ao lume, num tacho largo, até atingir o ponto de espadana. Junte as argolas e, rapidamente, sacuda o tacho.

Ruas de Constância.


Rua João Chagas.

"Dia da raça".


A propósito do tão badalado dia da "Raça" atente-se no que Guerra Junqueiro em 1896 através da sua obra "Pátria", descreveu sobre Portugal,encaixa perfeitamente nos dias de hoje..

"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonha, feixes de miséria, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia de um coice, pois que já nem com as orelhas é capaz de sacudir as moscas. [...]"

segunda-feira, 9 de junho de 2008

10 de junho





"As armas e os barões assinalados,

Que da ocidental praia lusitana,
Por mares nunca dantes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
E em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;"

"Canto primeiro ( verso 1) "Os Lusíadas" de Luis de Camões




O Dia de Portugal, Camões e das Comunidades, deve ser vivido com o espírito lusitano pela continuidade dum País cada vez mais fraterno, solidário e mais justo pela honra e pela glória alcançada por homens arrojados, que rasgaram os mares, descobriram novos Povos e levaram o nome de Portugal às 5 partidas do Mundo.

Ode triunfal.



[Álvaro de Campos, Junho de 1914]

À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.

Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!

Em febre e olhando os motores como a uma Natureza tropical --
Grandes trópicos humanos de ferro e fogo e força --
Canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro,
Porque o presente é todo o passado e todo o futuro
E há Platão e Virgílio dentro das máquinas e das luzes eléctricas
Só porque houve outrora e foram humanos Virgílio e Platão,
E pedaços do Alexandre Magno do século talvez cinquenta,
Átomos que hão de ir ter febre para o cérebro do Ésquilo do século cem,
Andam por estas correias de transmissão e por estes êmbolos e por estes volantes,
Rugindo, rangendo, ciciando, estrugindo, ferreando,
Fazendo-me um excesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma.

Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!
Ser completo como uma máquina!
Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo!
Poder ao menos penetrar-me fisicamente de tudo isto,
Rasgar-me todo, abrir-me completamente, tornar-me passento
A todos os perfumes de óleos e calores e carvões
Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável!

Fraternidade com todas as dinâmicas!
Promíscua fúria de ser parte-agente
Do rodar férreo e cosmopolita
Dos comboios estrénuos,
Da faina transportadora-de-cargas dos navios,
Do giro lúbrico e lento dos guindastes,
Do tumulto disciplinado das fábricas,
E do quase-silêncio ciciante e monótono das correias de transmissão!

Horas europeias, produtoras, entaladas
Entre maquinismos e afazeres úteis!
Grandes cidades paradas nos cafés,
Nos cafés -- oásis de inutilidades ruidosas
Onde se cristalizam e se precipitam
Os rumores e os gestos do Útil
E as rodas, e as rodas-dentadas e as chumaceiras do Progressivo!
Nova Minerva sem-alma dos cais e das gares!
Novos entusiasmos da estatura do Momento!
Quilhas de chapas de ferro sorrindo encostadas às docas,
Ou a seco, erguidas, nos pianos-inclinados dos portos!
Actividade internacional, transatlântica, Canadian-Pacific!
Luzes e febris perdas de tempo nos bares, nos hotéis,
Nos Longchamps e nos Derbies e nos Ascots,
E Piccadillies e Avenues de l'Opera que entram
Pela minh'alma dentro!

Hé-lá as ruas, hé-lá as praças, hé-la-hó la foule!
Tudo o que passa, tudo o que pára às montras!
Comerciantes; vadios; escrocs exageradamente bem-vestidos;
Membros evidentes de clubes aristocráticos;
Esquálidas figuras dúbias; chefes de família vagamente felizes
E paternais até na corrente de oiro que atravessa o colete
De algibeira a algibeira!
Tudo o que passa, tudo o que passa e nunca passa!
Presença demasiadamente acentuada das cocotes;
Banalidade interessante (e quem sabe o quê por dentro?)
Das burguesinhas, mãe e filha geralmente,
Que andam na rua com um fim qualquer,
A graça feminil e falsa dos pederastas que passam, lentos;
E toda a gente simplesmente elegante que passeia e se mostra
E afinal tem alma lá dentro!

(Ah, como eu desejaria ser o souteneur disto tudo!)

A maravilhosa beleza das corrupções políticas,
Deliciosos escândalos financeiros e diplomáticos,
Agressões políticas nas ruas,
E de vez em quando o cometa dum regicídio
Que ilumina de Prodígio e Fanfarra os céus
Usuais e lúcidos da Civilização quotidiana!

Notícias desmentidas dos jornais,
Artigos políticos insinceramente sinceros,
Notícias passez à-la-caisse, grandes crimes --
Duas colunas deles passando para a segunda página!
O cheiro fresco a tinta de tipografia!
Os cartazes postos há pouco, molhados!
Vients-de-paraitre amarelos com uma cinta branca!
Como eu vos amo a todos, a todos, a todos,
Como eu vos amo de todas as maneiras,
Com os olhos e com os ouvidos e com o olfacto
E com o tacto (o que palpar-vos representa para mim!)
E com a inteligência como uma antena que fazeis vibrar!
Ah, como todos os meus sentidos têm cio de vós!

Adubos, debulhadoras a vapor, progressos da agricultura!
Química agrícola, e o comércio quase uma ciência!
Ó mostruários dos caixeiros-viajantes,
Dos caixeiros-viajantes, cavaleiros-andantes da Indústria,
Prolongamentos humanos das fábricas e dos calmos escritórios!

Ó fazendas nas montras! ó manequins! ó últimos figurinos!
Ó artigos inúteis que toda a gente quer comprar!
Olá grandes armazéns com várias secções!
Olá anúncios eléctricos que vêm e estão e desaparecem!
Olá tudo com que hoje se constrói, com que hoje se é diferente de ontem!
Eh, cimento armado, beton de cimento, novos processos!
Progressos dos armamentos gloriosamente mortíferos!
Couraças, canhões, metralhadoras, submarinos, aeroplanos!

Amo-vos a todos, a tudo, como uma fera.
Amo-vos carnivoramente,
Pervertidamente e enroscando a minha vista
Em vós, ó coisas grandes, banais, úteis, inúteis,
Ó coisas todas modernas,
Ó minhas contemporâneas, forma actual e próxima
Do sistema imediato do Universo!
Nova Revelação metálica e dinâmica de Deus!

Ó fábricas, ó laboratórios, ó music-halls, ó Luna-Parks,
Ó couraçados, ó pontes, ó docas flutuantes --
Na minha mente turbulenta e incandescida
Possuo-vos como a uma mulher bela,
Completamente vos possuo como a uma mulher bela que não se ama,
Que se encontra casualmente e se acha interessantíssima.

Eh-lá-hô fachadas das grandes lojas!
Eh-lá-hô elevadores dos grandes edifícios!
Eh-lá-hô recomposições ministeriais!
Parlamento, políticas, relatores de orçamentos;
Orçamentos falsificados!
(Um orçamento é tão natural como uma árvore
E um parlamento tão belo como uma borboleta.)

Eh-lá o interesse por tudo na vida,
Porque tudo é a vida, desde os brilhantes nas montras
Até à noite ponte misteriosa entre os astros
E o amor antigo e solene, lavando as costas
E sendo misericordiosamente o mesmo
Que era quando Platão era realmente Platão
Na sua presença real e na sua carne com a alma dentro,
E falava com Aristóteles, que havia de não ser discípulo dele.

Eu podia morrer triturado por um motor
Com o sentimento de deliciosa entrega duma mulher possuída.
Atirem-me para dentro das fornalhas!
Metam-me debaixo dos comboios!
Espanquem-me a bordo de navios!
Masoquismo através de maquinismos!
Sadismo de não sei quê moderno e eu e barulho!

Up-lá hó jóquei que ganhaste o Derby,
Morder entre dentes o teu cap de duas cores!

(Ser tão alto que não pudesse entrar por nenhuma porta!
Ah, olhar é em mim uma perversão sexual!)

Eh-lá, eh-lá, eh-lá, catedrais!
Deixai-me partir a cabeça de encontro às vossas esquinas,
E ser levantado da rua cheio de sangue
Sem ninguém saber quem eu sou!

Ó tramways, funiculares, metropolitanos,
Roçai-vos por mim até ao espasmo!
Hilla! hilla! hilla-hô!
Dai-me gargalhadas em plena cara,
Ó automóveis apinhados de pândegos e de putas,
Ó multidões quotidianas nem alegres nem tristes das ruas,
Rio multicolor anónimo e onde eu me posso banhar como quereria!
Ah, que vidas complexas, que coisas lá pelas casas de tudo isto!
Ah, saber-lhes as vidas a todos, as dificuldades de dinheiro,
As dissensões domésticas, os deboches que não se suspeitam,
Os pensamentos que cada um tem a sós consigo no seu quarto
E os gestos que faz quando ninguém pode ver!
Não saber tudo isto é ignorar tudo, ó raiva,
Ó raiva que como uma febre e um cio e uma fome
Me põe a magro o rosto e me agita às vezes as mãos
Em crispações absurdas em pleno meio das turbas
Nas ruas cheias de encontrões!

Ah, e a gente ordinária e suja, que parece sempre a mesma,
Que emprega palavrões como palavras usuais,
Cujos filhos roubam às portas das mercearias
E cujas filhas aos oito anos -- e eu acho isto belo e amo-o! --
Masturbam homens de aspecto decente nos vãos de escada.
A gentalha que anda pelos andaimes e que vai para casa
Por vielas quase irreais de estreiteza e podridão.
Maravilhosa gente humana que vive como os cães,
Que está abaixo de todos os sistemas morais,
Para quem nenhuma religião foi feita,
Nenhuma arte criada,
Nenhuma política destinada para eles!
Como eu vos amo a todos, porque sois assim,
Nem imorais de tão baixos que sois, nem bons nem maus,
Inatingíveis por todos os progressos,
Fauna maravilhosa do fundo do mar da vida!

(Na nora do quintal da minha casa
O burro anda à roda, anda à roda,
E o mistério do mundo é do tamanho disto.
Limpa o suor com o braço, trabalhador descontente.
A luz do sol abafa o silêncio das esferas
E havemos todos de morrer,
Ó pinheirais sombrios ao crepúsculo,
Pinheirais onde a minha infância era outra coisa
Do que eu sou hoje. . . )

Mas, ah outra vez a raiva mecânica constante!
Outra vez a obsessão movimentada dos ónibus.
E outra vez a fúria de estar indo ao mesmo tempo dentro de todos os comboios
De todas as partes do mundo,
De estar dizendo adeus de bordo de todos os navios,
Que a estas horas estão levantando ferro ou afastando-se das docas.
Ó ferro, ó aço, ó alumínio, ó chapas de ferro ondulado!
Ó cais, ó portos, ó comboios, ó guindastes, ó rebocadores!

Eh-lá grandes desastres de comboios!
Eh-lá desabamentos de galerias de minas!
Eh-lá naufrágios deliciosos dos grandes transatlânticos!
Eh-lá-hô revoluções aqui, ali, acolá,
Alterações de constituições, guerras, tratados, invasões,
Ruído, injustiças, violências, e talvez para breve o fim,
A grande invasão dos bárbaros amarelos pela Europa,
E outro Sol no novo Horizonte!

Que importa tudo isto, mas que importa tudo isto
Ao fúlgido e rubro ruído contemporâneo,
Ao ruído cruel e delicioso da civilização de hoje?
Tudo isso apaga tudo, salvo o Momento,
O Momento de tronco nu e quente como um fogueiro,
O Momento estridentemente ruidoso e mecânico,
O Momento dinâmico passagem de todas as bacantes
Do ferro e do bronze e da bebedeira dos metais.

Eia comboios, eia pontes, eia hotéis à hora do jantar,
Eia aparelhos de todas as espécies, férreos, brutos, mínimos,
Instrumentos de precisão, aparelhos de triturar, de cavar,
Engenhos, brocas, máquinas rotativas!

Eia! eia! eia!
Eia eletricidade, nervos doentes da Matéria!
Eia telegrafia-sem-fios, simpatia metálica do inconsciente!
Eia túneis, eia canais, Panamá, Kiel, Suez!
Eia todo o passado dentro do presente!
Eia todo o futuro já dentro de nós! eia!
Eia! eia! eia!
Frutos de ferro e útil da árvore-fábrica cosmopolita!
Eia! eia! eia, eia-hô-ô-ô!
Nem sei que existo para dentro. Giro, rodeio, engenho-me.
Engatam-me em todos os comboios.
Içam-me em todos os cais.
Giro dentro das hélices de todos os navios.
Eia! eia-hô eia!
Eia! sou o calor mecânico e a electricidade!

Eia! e os rails e as casas de máquinas e a Europa!
Eia e hurrah por mim-tudo e tudo, máquinas a trabalhar, eia!

Galgar com tudo por cima de tudo! Hup-lá!

Hup-lá, hup-lá, hup-lá-hô, hup-lá!
Hé-lá! He-hô Ho-o-o-o-o!
Z-z-z-z-z-z-z-z-z-z-z-z!

Ah não ser eu toda a gente e toda a parte!

Anedotas da nossa história!

O DINHEIRO DOS CRISTÃOS-NOVOS
Numa carta do inquisidor-geral Fernando de Mascarenhas a Filipe III, conta ter ficado com os bens de uns “conversos” por saber, de antemão, que o rei, a exemplo dos seus antecessores, os repudiava, por serem “cousa de gente empestada”.
Os bens dos cristãos-novos sujavam as mãos dos reis mas não dos inquisidores! Olha a lata!

Sugestões para poupar no petróleo!





domingo, 8 de junho de 2008

Poesias Eternas.


Passagem das horas.
(excerto)

Torna-me humano, ó noite, torna-me fraterno e solícito.
Só humanitariamente é que se pode viver.
Só amando os homens, as acções, a banalidade dos trabalhos,
Só assim -- ai de mim! --, só assim se pode viver.
Só assim, ó noite, e eu nunca poderei ser assim!
Vi todas as coisas, e maravilhei-me de tudo,
Mas tudo ou sobrou ou foi pouco -- não sei qual -- e eu sofri.
Vivi todas as emoções, todos os pensamentos, todos os gestos,
E fiquei tão triste como se tivesse querido vivê-los e não conseguisse,
Amei e odiei como toda a gente,
Mas para toda a gente isso foi normal e instintivo,
E para mim foi sempre a excepção, o choque, a válvula, o espasmo.

Vem, ó noite, e apaga-me, vem e afoga-me em ti.
Ó carinhosa do Além, senhora do luto infinito,
Mágoa externa da Terra, choro silencioso do Mundo.
Mãe suave e antiga das emoções sem gesto,
Irmã mais velha, virgem e triste, das ideias sem nexo,
Noiva esperando sempre os nossos propósitos incompletos,
A direcção constantemente abandonada do nosso destino,
A nossa incerteza pagã sem alegria,
A nossa fraqueza cristã sem fé,
O nosso budismo inerte, sem amor pelas coisas nem êxtases,
A nossa febre, a nossa palidez, a nossa impaciência de fracos,
A nossa vida, ó mãe, a nossa perdida vida...

Álvaro de Campos
1916

Velhos são os trapos

Anedotas da nossa história!

O REGRESSO DOS JESUÍTAS
Expulsos pelo Marquês de Pombal em 3/9/1759, os Jesuítas regressaram em 1829 pelas mãos do Rei D. Miguel e de D. Carlota Joaquina. Já antes, em 1816, o Papa Pio VII os tinha oferecido a Portugal, mas foram recusados pela boca do ministro António de Araújo.
Os Jesuítas são um bom exemplo da Infalibilidade Papal, pois aqui como noutros assuntos, estão sempre a dar o dito por não dito:
Extintos pela bula “Dominus ac Redemptor” do Papa Clemente XIV a 21/7/1773, a Rússia não aceitou esta bula, pelo que eles refugiaram-se na Rússia e aí se “reproduziram”. Mais tarde, o papa foi envenenado e Pio VIII, na bula “De Catholic Fides”, de 7/3/1801, recriou a extinta companhia.
Os Jesuítas tinham grande poder por serem, em regra, os confessores da amante do rei, e depois do próprio rei. O caso de maior sucesso foi o do jesuíta Nithard, confessor da rainha Mariana de Áustria, mulher de Filipe IV de Espanha, que além de confessor compartilhava a cama. Mas foi um caso excepcional.
Diga-se que se os Jesuítas não aconselhassem e evitassem o casamento de D. Sebastião, provavelmente Portugal nunca teria sido parte de Espanha.

Receitas da nossa região.


Barbos de Molhata




Ingredientes:
Para 6 pessoas

2 kg de barbos ;
2 cebolas ;
6 dentes de alho ;
1 ramo de salsa ou de coentros (ou dos dois) ;
2 colheres de sopa de massa de pimentão (ou colorau) ;
1,5 dl de azeite ;
1,5 dl de vinho branco ;
sal ;
pimenta ;
vinagre
Confecção:

Depois de amanhados, cortam-se os barbos aos bocados e temperam-se com sal. Deixam-se ficar assim durante algumas horas.
Cortam-se as cebolas e os dentes de alho ás rodelas e introduzem-se num tacho de barro alternadamente com os bocados de barbo.
Tempera-se com sal, pimenta, a massa de pimentão, o azeite, o vinho branco e um pouco de vinagre. Tapa-se o tacho e leva-se a cozer em lume brando. Agita-se o tacho de vez em quando, só se destapando quando for absolutamente indispensável.
Serve-se com bolo de batata ou com esparregado.

Bom apetite.

sábado, 7 de junho de 2008

Grupo A (euro 2008)


EURO'2008 - GRUPO A (1.ª JORNADA)

PORTUGAL-TURQUIA

Stade de Genève, em Genebra (Suíça)
Hora: 19.45
Árbitro: Herbert Fandel (Alemanha)

EQUIPAS

PORTUGAL
1 - Ricardo
4 - Bosingwa
15 - Pepe
16 - Ricardo Carvalho
2 - Paulo Ferreira
8 - Petit
10 - João Moutinho
20 - Deco
7 - Cristiano Ronaldo
21 - Nuno Gomes
11 - Simão

Treinador: Luiz Felipe Scolari.

Suplentes:
22 - Rui Patrício
3 - Bruno Alves
5 - Fernando Meira
6 - Raul Meireles
9 - Hugo Almeida
13 - Miguel
14 - Jorge Ribeiro
17 - Ricardo Quaresma
18 - Miguel Veloso
19 - Nani
23 - Hélder Postiga

TURQUIA
23 - Volkan Demirel
22 - Hamit Altintop
2 - Servet Çetin
4 - Gokhan Zan
3 - Hakan Balta
5 - Emre Belözoglu
7 - Mehmet Aurélio
18 - Kazim Kazim
17 - Tuncay Sanli
21 - Mevlüt Erdinç
8 - Nihat Kahveci

Treinador: Fatih Terim.

Suplentes:
1 - Rustu Reçber
12 - Tolga Zengin
6 - Mehmet Topal
9 - Semih Senturk
10 - Gokdeniz Karadeniz
11 - Tumer Metin
13 - Emre Gungor
14 - Arda Turan
15 - Emre Asik
16 - Ugur Boral
19 - Ayhan Akman
20 - Sabri Sanöglu

Resultado: 2-0 A favor da equipa Lusa.

Ruas de Constância.

Contra o nuclear,naturalmente!

Anedotas da nossa história!

OS VIVAS A DONA CARLOTA
De Janeiro de 1829 a Maio de 1933 esteve è frente da prisão na Torre de S. João da Barra o bronco oficial Teles Jordão.
Enquanto davam pontapés nos demónios situados no corpo dos presos, gritavam palavras de ordem, como: “ Viva a Dona Carlota Joaquina” e “ Morra a D. Pedro e à puta que o pariu”!
Ora, a puta era a mesma a que davam vivas!

Euro 2008 (Futebol)


Jogadores convocados de Portugal para a Eurocopa 2008:
N. - Pos. - Jogador - Clube
1 - G - Ricardo - Real Betis
2 - D - Paulo Ferreira - Chelsea
3 - D - Bruno Alves - Porto
4 - D - José Bosingwa - Porto
5 - D - Fernando Meira - Stuttgart
6 - M - Raul Meireles - Porto
7 - A - Cristiano Ronaldo - Manchester United
8 - M - Petit - Benfica
9 - A - Hugo Almeida - Werder Bremen
10 - M - João Moutinho - Sporting
11 - A - Simão - Atlético Madrid
12 - G - Quim - Benfica
13 - D - Miguel - Valencia
14 - D - Jorge Ribeiro - Boavista
15 - D - Pepe - Real Madrid
16 - D - Ricardo Carvalho - Chelsea
17 - A - Ricardo Quaresma - Porto
18 - M - Miguel Veloso - Sporting
19 - A - Nani - Manchester United
20 - M - Deco - Barcelona
21 - A - Nuno Gomes - Benfica
22 - G - Rui Patrício - Sporting
23 - A - Hélder Postiga - Porto



Força Portugal,o Céu é o limite...

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Poemas eternos.


Se deste outono uma folha,
apenas uma, se desprendesse
da sua cabeleira ruiva,
sonolenta,
e sobre ela a mão
com o azul do ar escrevesse
um nome, somente um nome,
seria o mais aéreo
de quantos tem a terra,
a terra quente e tão avara
de alegria.

Eugénio de Andrade

Receitas tradicionais da nossa região.

Fataça na Telha


Ingredientes:

· 2 fataças redondas ;
· fatias de toucinho de salga ;
· 1 cebola grande ;
· 2 dl de azeite ;
· 1 colher de chá de colorau ;
· 3 dentes de alho ;
· 1 folha de louro ;
· vinagre q.b. ;
· piripiri q.b. ;
· salsa ;
· 3 batatas médias

Confecção:

Golpeia-se o peixe e nos cortes introduzem-se as fatias de toucinho. Salpica-se com sal. À parte, numa tigela, pica-se a cebola e juntam-se os restantes ingredientes (excepto as batatas). Forra-se o fundo da telha com fatias de toucinho e coloca-se o peixe dentro. Decora-se com as batatas cortadas em cubos pequenos e com o molho. Vai ao forno bem quente até corar. Serve-se bem quente

Últimatum


Últimatum futurista


ÀS GERAÇÕES PORTUGUESAS DO SÉC. XXI
Acabemos com este maelstrom de chá morno!
Mandem descascar batatas simbólicas a quem disser que não há tempo para a criação!
Transformem em bonecos de palha todos os pessimistas e desiludidos!
Despejem caixotes de lixo à porta dos que sofrem da impotência de criar!
Rejeitem o sentimento de insuficiência da nossa época!
Cultivem o amor do perigo, o hábito da energia e da ousadia!
Virem contra a parede todos os alcoviteiros e invejosos do dinamismo!
Declarem guerra aos rotineiros e aos cultores do hipnotismo!
Livrem-se da choldra provinciana e da safardanagem intelectual!
Defendam a fé da profissão contra atmosferas de tédio ou qualquer resignação!
Façam com que educar não signifique burocratizar!
Sujeitem a operação cirúrgica todos os reumatismos espirituais!
Mandem para a sucata todas as ideias e opiniões fixas!
Mostrem que a geração portuguesa do século XXI dispõe de toda a força criadora e construtiva!
Atirem-se independentes prá sublime brutalidade da vida!
Dispensem todas as teorias passadistas!
Criem o espírito de aventura e matem todos os sentimentos passivos!
Desencadeiem uma guerra sem tréguas contra todos os "botas de elástico"!
Coloquem as vossas vidas sob a influência de astros divertidos!
Desafiem e desrespeitem todos os astros sérios deste mundo!
Incendeiem os vossos cérebros com um projecto futurista!
Criem a vossa experiência e sereis os maiores!
Morram todos os derrotismos! Morram! PIM!

J o s é d e A l m a d a N e g r e i r o s

P O E T A

F U T U R I S T A
E
T U D O

Grandes idéias.

Poesias.

(Monas.)


Bonecas de trapo e pernas de cana (Monas) de Constância.

Desconhece-se a origem destas bonecas que se supõe serem datadas do final do séc. XIX, já que os trajes que exibem eram os usados na "Belle Epoque". Esta bonecas têm dois tipos de traje: o das amas (com farda, avental e touca) e o das senhoras (vestidos de veludo, peles, chapéus de plumas). A cara é de pano, com os olhos, nariz e boca bordados e o cabelo de lã de ovelha castanha

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Novos serviços bancários

Estimados clientes:

A Caixa de Depósitos informa que, a partir do próximo mês de julho, estão disponíveis ao público as novas caixas automáticas, tipo "Drive In", que permitem o levantamento de dinheiro sem sair do seu veículo.

A fim de facilitar aos nossos clientes a utilização das referidas caixas, foram estabelecidos os seguintes procedimentos que vos convidamos a ler atentamente:

PROCEDIMENTO MASCULINO
Aproximar o veículo da caixa automática.
Descer o vidro e introduzir o cartão.
Introduzir o código.
Introduzir o valor do montante desejado.
Retirar o cartão, o dinheiro e o recibo.
Fechar o vidro e pôr o veículo em andamento.


PROCEDIMENTO FEMININO
Aproximar o veículo da caixa automática.
Fazer marcha atrás e tentar alinhar a janela com a caixa.
Voltar a pôr o motor em funcionamento, após este ter ido abaixo.
Descer o vidro.
Encontrar a mala e despejar todo o conteúdo no banco do passageiro para encontrar o cartão.
Aproveitar o estojo de maquilhagem e retocar o bâton no retrovisor.
Tentar inserir o cartão na caixa.
Abrir a porta do veículo para facilitar o acesso a caixa, devido à excessiva distância entre este e a caixa.
Inserir o cartão.
Voltar a inserir o cartão, mas na posição correcta.
Introduzir o código.
Despejar a mala para encontrar a agenda onde está o código.
Introduzir o código correcto.
Introduzir o valor do montante desejado.
Retocar os olhos no retrovisor.
Retirar o dinheiro e o recibo.
Despejar a mala para encontrar a carteira e guardar o dinheiro.
Colocar o recibo na agenda, mais concretamente na parte das direcções e números de telefone.
Dar um jeito ao cabelo.
Pôr o veículo em andamento e avançar dois ou três metros.
Fazer marcha atrás até à caixa.
Retirar o cartão, se ainda for a tempo.
Despejar a mala para encontrar a carteira e guardar o cartão no compartimento errado.
Voltar a pôr o motor em funcionamento, após este ter ido abaixo.
Conduzir durante cinco ou seis quilómetros lentamente.
Destravar o travão de mão.

Grandes idéias.

Amor é o amor.




O amor é o amor - e depois?!
Vamos ficar os dois
a imaginar, a imaginar?..

O meu peito contra o teu peito,
cortando o mar, cortando o ar.
Num leito
há todo o espaço para amar!

Na nossa carne estamos
sem destino, sem medo, sem pudor,
e trocamos - somos um? somos dois? -
espírito e calor!
O amor é o amor - e depois?!



Alexandre O´Neill

Queijinhos do céu-Constância

Queijinhos do Céu


Ingredientes:

30 gemas
0,5 kg açucar
água q.b.

Preparação:

Levar ao lume o açucar com um pouco de água. Deixar ferver até fazer ponto de bola dura. Juntar o açucar às gemas em fio mexendo com vigor com umas varas.
Levar ao lume mexendo sempre até fazer "estrada".
Deixar arrefecer sobre pedra mármore, fazer pequenas bolas com a ajuda de açucar em pó e achatá-las para formar queijinhos.
Cortar pequenas rodelas de papel vegetal e fazer alguns cortes para enfeitar.
Colocar os queijinhos no meio do papel e fechar atando com um fio colorido em forma de saquinho.

Nota: o ponto de bola dura verifica-se do seguinte modo: - molhar 2 dedos em água fria, mergulhar os mesmos dentro da calda de modo a retirar um pouco desta e voltar a mergulhar na água. Mover os dedos em movimentos circulares para que se faça uma bola que deve estar rija; se não estiver deixa-se ferver um pouco mais até que se consiga fazer uma bola rija.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Antiguidades e velharias.


Feira de Antiguidades e Velharias - 10 de Junho


À semelhança do que tem acontecido nos anos anteriores, no próximo dia 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, a Praça Alexandre Herculano em Constância e as ruas adjacentes, vão receber uma grandiosa Feira de Antiguidades e Velharias.



Contando com a participação de algumas dezenas de expositores oriundos de todo o país, a mostra pretende reunir objectos, peças e artefactos de valor artístico ou utilitário, numa grande montra que é o Centro Histórico de Constância.



Com um carácter comercial / cultural, a Feira de Antiguidades e Velharias tem um forte espírito de ligação ao passado.

Receitas tradicionais da nossa região.

Migas Carvoeiras





Ingredientes
Quantidade
Couve cortada em caldo verde
200g

Cabeça de alho
1

Broa
1

Folha de louro
1

Azeite
q.b.

Vinagre
q.b.

Feijão frade
150g








Ø Coza o caldo verde, de seguida ponha azeite num tacho e corte os alhos em pedacinhos para lá, junte a folha de louro e ponha a refogar até o alho ficar frito.



Ø Junte a broa cortada aos bocadinhos e o feijão frade previamente cozido, vá juntando água da cozedura do feijão, de seguida acrescente o caldo verde e vinagre.



Ø Mexa até obter uma mistura homogénea, se necessário, vá juntando água, para não ficar muito seco.



Ø Sirva acompanhado com bacalhau assado ou entrecosto.

Grandes idéias.

Eros e psique.

Poema de Manuel Bandeira


O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...

E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.

O vento varria as luzes,
O vento varria as músicas,
O vento varria os aromas...

E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De aromas, de estrelas, de cânticos.

O vento varria os sonhos
E varria as amizades...
O vento varria as mulheres...

E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.

O vento varria os meses
E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!

E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Criança com leucemia.

Criança com leucemia precisa de dador de medula



Continua a luta contra o tempo para salvar uma criança de Santarém que tem leucemia e precisa urgentemente de um transplante de medula óssea. No sábado, 21 de Junho, entre as 10h00 e as 16h00, vai decorrer uma segunda angariação de potenciais dadores de medula em Almeirim na Clínica Enfercentro junto à igreja católica. Já tinha decorrido uma acção no dia 10 de Maio na escola primária de S. Domingos, em Santarém, que contou com a participação de cerca de 600 pessoas. Quantas mais pessoas colaborarem mais hipóteses a criança tem de encontrar um dador compatível.

João Soares tem oito anos de idade e sofre de leucemia desde os quatro anos. Tem sido acompanhado no Instituto Português de Oncologia. Chegou a recuperar mas recentemente teve uma recaída e a única solução neste momento é o transplante. Podem participar pessoas entre os 18 e os 45 anos que tenham obrigatoriamente mais de 50 quilos de peso e nunca ter recebido uma transfusão de sangue. Para se ser dador basta a recolha de uma pequena amostra de sangue que depois vai para análise de compatibilidades. Para mais informações os interessados podem contactar a Enfercentro através dos telefones 243 579 601 ou 937 582 146.

Saídas


Quando cheguei a casa à noite, a minha mulher

insistiu que a levasse a sair, a um sítio bem caro.....


Levei-a a uma bomba de gasolina !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Grandes idéias.

Manifestoon.

Pessoa.


Sim, farei...; e hora a hora passa o dia...
Farei, e dia a dia passa o mês...
E eu, cheio sempre só do que faria,
Vejo que o que faria se não fez,
De mim, mesmo em inútil nostalgia.

Farei, farei... Anos os meses são
Quando são muitos-anos, toda a vida,
Tudo... E sempre a mesma sensação
Que qualquer cousa há-de ser conseguida,
E sempre quieto o pé e inerte a mão...

Farei, farei, farei... Sim, qualquer hora
Talvez me traga o esforço e a vitória,
Mas será só se mos trouxer de fora.
Quis tudo -- a paz, ilusão, a glória...
Que obscuro absurdo a minha alma chora?

II

Farei talvez um dia um poema meu,
Não qualquer cousa que, se eu a analiso,
É só a teia que se em mim teceu
De tanto alheio e anónimo improviso
Que ou a mim ou a eles esqueceu...

Um poema próprio, em que me vá o ser,
Em que eu diga o que sinto e o que sou,
Sem pensar, sem fingir e sem querer,
Como um lugar exacto, o onde estou,
E onde me possam, como sou, me ver.

Ah, mas quem pode ser o que é? Quem sabe
Ter a alma que tem? Quem é quem é?
Sombras de nós, só reflectir nos cabe.
Mas reflectir, ramos irreais, o quê?
Talvez só o vento que nos fecha e abre.

III

Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.

Mas pobre o sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperança a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!

Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solene pausa
Antes que tudo em tudo se transforme.

Fernando Pessoa
1933

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Poemas eternos.


Cena do ódio
(excerto)
...
Larga a cidade masturbadora, febril,
rabo decepado de lagartixa,
labirinto cego de toupeiras,
raça de ignóbeis míopes, tísicos, tarados,
anémicos, cancerosos e arseniados!
Larga a cidade!

Larga a infâmia das ruas e dos boulevards,
esse vaivém cínico de bandidos mudos,
esse mexer esponjoso de carne viva,
esse ser-lesma nojento e macabro,
esse S ziguezague de chicote autofustigante,
esse ar expirado e espiritista,
esse Inferno de Dante por cantar,
esse ruído de sol prostituído, impotente e velho,
esse silêncio pneumónico
de lua enxovalhada sem vir a lavadeira!
Larga a cidade e foge!
Larga a cidade!

Vence as lutas da família na vitória de a deixar.
Larga a casa, foge dela, larga tudo!
Nem te prendas com lágrimas que lágrimas são cadeias!
Larga a casa e verás -- vai-se-te o Pesadelo!
A família é lastro: deita-a fora e vais ao céu!
Mas larga tudo primeiro, ouviste?
Larga tudo!

-- Os outros, os sentimentos, os instintos,
e larga-te a ti também, a ti principalmente!
Larga tudo e vai para o campo
e larga o campo também, larga tudo!
-- Põe-te a nascer outra vez!
Não queiras ter pai nem mãe,
não queiras ter outros nem Inteligência!
A Inteligência é o meu cancro:
eu sinto-A na cabeça com falta de ar!
A Inteligência é a febre da Humanidade
e ninguém a sabe regular!
E já há inteligência a mais: pode parar por aqui!

Depois põe-te a viver sem cabeça,
vê só o que os olhos virem,
cheira os cheiros da Terra
come o que a Terra der,
bebe dos rios e dos mares,
-- põe-te na Natureza!
Ouve a Terra, escuta-A.
A Natureza à vontade só sabe rir e cantar!

Depois, põe-te à coca dos que nascem
e não os deixes nascer.
Vai depois p'la noite nas sombras
e rouba a toda a gente a Inteligência
e raspa-lhes bem a cabeça por dentro
co'as tuas unhas e cacos de garrafas,
bem raspado, sem deixar nada,
e vai depois depressa, muito depressa,
sem que o sol te veja,
deita tudo no mar onde haja tubarões!
Larga tudo e a ti também!
...

José de Almada Negreiros
Poeta sensacionista

Ruas de Constância.


Rua dos Ferreiros.

Grandes idéias.

O valor das coisas!

domingo, 1 de junho de 2008

Constância.


Pedro Barroso, Paco Bandeira, Ricardo Parreira e Fernando Alvim nos X Encontros do Cantar Diferente


Constância - 9 de Junho – 22 Horas
No próximo dia 9 de Junho, Pedro Barroso, o grande trovador da música portuguesa, é o anfitrião da iniciativa Encontros do Cantar Diferente, um evento que decorrerá no âmbito das XIII Pomonas Camonianas, uma actividade que terá lugar em Constância, nos próximos dias 7, 8, 9 e 10 de Junho.



O espectáculo, que terá início às 22 horas, no Anfiteatro dos Rios, conta este ano com a presença de Paco Bandeira, Ricardo Parreira e Fernando Alvim, grandes nomes da música portuguesa.



Os Encontros do Cantar Diferente são uma ideia original de Pedro Barroso que, além de músico, autor e compositor, assina também a produção deste espectáculo, que já data de 1997.



Por um dia, o palco do Anfiteatro dos Rios, em Constância, transforma-se numa verdadeira sala de estar, onde, entre músicas e conversas, o anfitrião Pedro Barroso recebe amigos, grandes nomes do panorama musical português. Por este palco já passaram Manuel Freire, José Mário Branco, José Fanha, João Afonso, Vitor Silva, Carlos Mendes, Francisco Fanhais, Fernando Tordo, Samuel, o Maestro Vitorino d’ Almeida, Janita Salomé, Carlos Alberto Moniz, Zeca Medeiros, José Cid, Afonso Dias, Paulo de Carvalho e Francisco Naia.



Para além dos Encontros do Cantar Diferente, o programa das XIII Pomonas Camonianas integra diversas iniciativas: um mercado quinhentista onde são vendidos os frutos e as flores referidos por Camões na sua obra; Festival Hípico, Concerto Musical, Danças Renascentistas, e Teatro A Tempestade de Shakespeare pelo Fatias de Cá (dia 8); Prova de Orientação Nocturna (dia 9); Feira de Antiguidades e Velharias, Deposição de Coroas de Flores, Declamões, Danças Renascentistas e Espectáculo Musical (dia 10); Exposições e muita animação.

Grandes idéias.

William Shakespeare.


Que a melhor sala de aula do mundo está aos pés
de uma pessoa mais velha; Que quando você está amando dá na vista; Que ter uma criança adormecida em seus braços é
um dos momentos mais pacíficos do mundo.
William Shakespeare

Literatura


Leitura para a quinzena.

as nossas crianças!

Dia mundial da criança.


1 de Junho, Dia Mundial da Criança

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Após a 2ª Grande Guerra Mundial, as crianças de todo o Mundo enfrentavam grandes dificuldades, a alimentação era deficiente, os cuidados médicos eram escassos. Os pais não tinham dinheiro, viviam com muitas dificuldades, retiravam os filhos da Escola e punham-nos a trabalhar de sol a sol. Mais de metade das crianças Europeias não sabia ler nem escrever.

Em 1950, a Federação Democrática Internacional das Mulheres, propôs às Nações Unidas que se comemorasse um dia dedicado a todas as crianças do Mundo.

Os Estados Membros das Nações Unidas, - ONU - reconhecendo que as crianças, independentemente da raça, cor, sexo, religião e origem nacional ou social, necessitam de cuidados e atenções especiais, precisam de ser compreendidas, preparadas e educadas de modo a terem possibilidades de usufruir de um futuro condigno e risonho, propuseram o Dia 1 de Junho, como Dia Mundial da Criança.

Nunca é demais lembrar, até porque poucas vezes isso tem sido feito, quais os direitos que assistem especificamente às crianças, e que estão consagrados na Convenção sobre os Direitos da Criança que foi elaborada em 1989 pelas Nações Unidas, que tiveram em consideração, entre outras coisas, o indicado na Declaração dos Direitos da Criança, adoptada em 20 de Novembro de 1959 pela Assembleia Geral desta Organização, que dizia que “a criança, por motivo da sua falta de maturidade física e intelectual, tem necessidade de uma protecção e cuidados especiais...”.

A ONU reconheceu também que “em todos os países do mundo há crianças que vivem em condições particularmente difíceis e a quem importa assegurar uma atenção especial, tendo devidamente em conta a importância das tradições e valores culturais de cada povo para a protecção e o desenvolvimento harmonioso da criança e a importância da cooperação internacional para a melhoria das condições de