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quarta-feira, 13 de maio de 2009

Bilhete.



Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...

Mário Quintana

Dia Internacional dos Museus.


Constância assinala o Dia Internacional dos Museus
De 18 a 22 de Maio
O Dia Internacional dos Museus é comemorado em todo o mundo, a 18 deMaio, sendo que todos os anos o Conselho Internacional de Museus (ICOM -International Council of Museums) estipula um tema para este dia. Museus e Turismo é o lema proposto pelo ICOM para o ano de 2009.

Este lema tem como principal objectivo a disseminação da ideia de que o turismo deve desenvolver-se no respeito pelas culturas de todo o mundo, tanto noque se relaciona com o património material, como com o património cultural imaterial.

Deste modo, o Município de Constância associa-se às comemoraçõesinternacionais, promovendo à semelhança dos anos anteriores, visitas gratuitas ao Museu dos Rios e das Artes Marítimas, no dia 18 de Maio, entre as 9.00h - 12.30h eas 14.00h - 17.30.

A iniciativa prolonga-se até ao dia 22 de Maio dirigindo-se especialmente aopúblico infantil e juvenil, que após a visita guiada ao Museu dos Rios, participaránum ateliê sobre as antigas actividades fluviais. Esta actividade realiza-se no Museu dos Rios e das Artes Marítimas, das 14.00h às 17.30h, pretendendo sensibilizar oseu público para a importância dos Museus na recolha, estudo, exposição edivulgação do património cultural.

Para informações ou esclarecimentos adicionais devem os interessadoscontactar o Museu dos Rios e das Artes Marítimas, através dos números de telefone249 730 053 / 249 736 234 ou via correio electrónico para museu.rios@cmconstancia.pt.
Por CMC

8ª Quinzena do Desporto em Constância



19 a 31 de Maio
De 19 a 31 de Maio, a Câmara Municipal de Constância, através do Sector de Desporto, organiza a 8ª Quinzena do Desporto, um evento que terá lugar nos seguintes equipamentos municipais: Pavilhão, Ginásio, Piscina, Campo de Ténis, Campo de Volei de Praia e na área dos Percursos de Observação e Interpretação da Natureza.

Badminton, Basquetebol, Futebol, Ginástica, Karaté, Ténis de Mesa, Hidroginástica, Natação, Triatlo Jovem, Cardiofitness, Musculação, Volei de Praia e Percursos de Observação e Interpretação da Natureza são as várias modalidades que constituem a iniciativa.

As actividades estão abertas à participação da população em geral, aos alunos da Escola Municipal de Natação, aos utilizadores das instalações desportivas municipais e às crianças do concelho.

Para obter mais informações sobre o evento e o respectivo programa deverão ser contactos os seguintes serviços: Pavilhão Desportivo Municipal (249 730 059) ou a Piscina Municipal (249 739 627).

Com a organização da 8ª Quinzena do Desporto, a Câmara Municipal de Constância pretende potenciar as valências do Pavilhão Desportivo Municipal, da Piscina Municipal, do Ginásio Municipal, do Campo de Ténis, do Campo de Volei de Praia e a própria natureza, sensibilizando a população para a prática desportiva, proporcionando simultaneamente a realização de eventos, numa vertente de espectáculo lúdico-desportivo.

Mais desporto, melhor vida!
Por CMC

Pequenas coisas.


As pequenas coisas parecem insignificantes, mas dão-nos a paz ...

terça-feira, 12 de maio de 2009

Nas florestas incendiadas.



Nas florestas incendiadas da paixão ardente
se iluminam os espíritos se acendem os corpos
dos entregues ao amor inteiramente

Alimentados nos fossos amaldiçoados do ódio
território único experienciado pela mente
se aniquilam no âmago os mordazes
em invisível estertor agoniante

Os viciados em inerte mansidão
lúgbre vazia sub-reptícia
se arrastam no seu lamacento existir
em patética adulação dos deuses
oficialmente instituídos
tendo por ídolos nos seus altares
estatutos protocolos medalhas imerecidas

As oferendas imoladas em rituais de vingança e cobiça
são os audaciosos da entrega a um amor
sem contrapartida vivido com galhardia
autores de emoções na pátria de um eu genuíno

Os cegos do sentir órfãos do gostar
têm por missão apagar as luzes da alegria
secar as fontes mágicas do revigorar em a outrem se doar

Odeiam os provocadores das marés
os incapazes de enfrentar

................. o mar

Lurdes Mendes da Costa

Tolices (minhas).


Há tolices bem embaladas, assim como há tolos bem-vestidos .

Literatura.


Último Acto em Lisboa – Robert Wilson



1941. Klaus Felsen, o proprietário de uma fábrica em Berlim, é forçado a alistar-se nas SS e a dirigir-se a Lisboa, cidade de luz, onde ao ritmo dos dias convergem nazis e aliados, refugiados e especuladores, todos dançando ao compasso do oportunismo e do desespero. A sua missão é infiltrar-se nas geladas montanhas do Norte de Portugal, onde se trava uma luta traiçoeira pelo volfrâmio, elemento essencial à blitzkrieg de Hitler. Aí encontra Manuel Abrantes, o homem que põe em movimento a roda de ambição e vingança que irá girar até ao final do século.

Final dos anos 1990. O inspector Zé Coelho, da Polícia Judiciária, investiga o crime sexual cometido contra uma jovem adolescente em Lisboa. Esta pesquisa conduzirá Coelho por terrenos lodosos da História a um crime mais antigo – enterrado com os ossos de um passado de fascismo – e a um pavoroso motivo enterrado ainda mais fundo. E, uma vez à superfície, o passado e o presente irão convergir com implicações arrepiantes e consequências insondáveis

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Juventude.


A juventude passa e o crepúsculo espalha-se no seu sorriso. A vida, exilada do seu sonho é uma viagem sombria

D.Pedro.



Quando um homem, vencendo o costume vigente,
Fiel ao seu amor se mostra e, coerente,
Quando ama para além da morte e, dum passado
P' ra ele intemporal e portanto presente,
Constrói a eternidade
O mundo não entende a raridade:
Vem a nação chamar-lhe tresloucado
E a História rotulá-lo de demente.

Júlia Lello

O elétrico.



Com a mão de fora, o velhinho apanhava as folhas das árvores. Via nas faixas de rodagem camufladas com as folhas das árvores e dava grandes gargalhadas, como se o outono fosse dele. Sentados no mesmo banco, o rapaz e o velhinho eram os únicos passageiros do carro elétrico. Todos os outros bancos, incluindo os laterais, e ambas as plataformas, estavam ocupados por hirtos e silenciosos ramos de flores.
— O senhor tem sorte — disse o rapaz ao velhinho. — Conseguiu o melhor lugar. Um dia, quando casar, como afirmou Saroyan, nunca mais apanhará o lugar da janela.
O velhinho piscou um olho malicioso, de bom vidro alemão de antes do III Reich.
— Hei de manter-me solteiro para aproveitar e gozar uma senilidade tranqüila. Não me quero privar nem das janelas, nem do amor.
— Viaja há muito tempo neste carro?
— Oh, sim. Desde o tempo em que os "elétricos" falavam.
As ruas solitárias e envolvidas por um rastro de fumo azulado tinham amanhecido cobertas da minúscula flor do miosótis. Trepadeiras gigantes revestiam os prédios. Bisbilhoteiros cachos de buganvílias debruçavam-se das varandas. Nas paragens, nervosos girassóis e rosas petulantes aguardavam em bicha o seu transporte popular. E as folhas iam caindo com tal precisão que formavam grandes livros alinhados pelas avenidas. Às vezes, um sopro de vento vindo das montanhas virava-lhes as páginas vegetais até aos capítulos mais empolgantes. O mês de novembro escorria como azeite com um grau de acidez. O sol, aquecido em lume brando, empapava a cidade.
— E que fazia o senhor antigamente, antes de viajar de carro elétrico? — perguntou o rapaz.
Tinham chegado à praça da Tulipa Negra. A estátua da tulipa erguia-se majestosa e isolada no centro da rotunda. Nas esplanadas, aproveitando o verão de São Martinho, os goivos e os gerânios que faziam parte da tripulação de um barco surto no rio, os malvaíscos da Alfândega, os cóleos da estiva e as margaridas dos escritórios das redondezas, aproveitando a hora do almoço, bebiam grandes copos de água. Dois amores-perfeitos beijavam-se junto à estátua, enquanto pequenos narcisos, de uma escola primária, ouviam atentamente as explicações de uma jovem papoila aberta em vermelho à sua erudição.
— Antes de viajar de carro elétrico — respondeu, por fim, o velhinho — era industrial. Fabricava bolas de sabão. Uma ciência que vinha então de pais para filhos. Aparentemente fácil, como transformar o ouro em cobre. Mergulha-se um canudo na água do sabão e depois soprava-se. Assim... — o velhinho encheu as bochechas. — Da minha fábrica saíam por dia, para os cincos cantos do mundo, as mais vistosas bolas de sabão produzidas no país. O céu da cidade era um deslumbramento de balões coloridos, transparentes, diáfanos. Enquanto espetavam o nariz no ar, os homens não metiam o nariz nos problemas dos outros. E as mulheres tinham uns olhos mais belos por os abrirem desmedidamente à fantasia policrômica do espaço. Durante à noite havia milhares de luas que se precipitavam com suaves estampidos pelas chaminés das casas e vinhas aureolar nos jardins a cabeça dos notívagos, dos vagabundos e dos namorados.
— E ganhava muito dinheiro com isso, senhor?
— Oh, não — suspirou o velhinho. — Os poetas não ganham dinheiro. Um dia tive que fechar a fábrica. Os poetas não ganham dinheiro. Já nem me fiavam o sabão. Tentei ainda, numa água furtada, produzir bolas mais econômicas. Mas não há ersatz (1) para a beleza. As bolas saiam defeituosas; bicudas, quadradas, pálidas, efêmeras. Subiam apenas à altura da cabeça dos homens, excessivamente baixo. As bolas já não tinham vida, nem transportavam no colorido a mensagem de uma cidade de meninos. Nem saltitavam nos telhados, nem entravam pelas janelas, nem rebolavam nas camas, nos tapetes de relva, no empedrado, nos caracóis dos petizes. E a multidão ria das minhas bolas. E eu pensei que a cidade já não merecia as minhas bolas de sabão. Os poetas não ganham dinheiro.
O "elétrico" deteve-se subitamente. Cóleos, begônias e lobélias tombaram para diante.
— Mas ainda tenho uma das primeiras, das autênticas.
O rapaz viu o velhinho tirar do bolso um frasco e um tubo de plástico, e soprar através do tubo.
Uma rutilante bola de sabão ficou momentaneamente suspensa no ar. Mais pequena, uma lágrima do velhinho tombou do olho de vidro alemão de antes do III Reich.
Então o rapaz disse, em voz baixa:
— Bem, avô, é altura de acabarmos com esta farsa.
E com um movimento, rebentou a bola de sabão. Como se tivesse rebentado um enorme caleidoscópio. A campainha tocou, puxada energicamente pelo condutor.
O velhinho sorriu a sua tristeza murcha e fechou a janela, enregelado. O "elétrico" pôs-se em marcha, as flores desapareceram, e os passageiros, empurrando-se, começaram todos a falar ao mesmo tempo.

Santos Fernando

domingo, 10 de maio de 2009

I dreamed a dream



...Mas agora a vida matou o sonho,
que eu sonhei!

Como Nasrudin criou a verdade.



— As leis não fazem com que as pessoas fiquem melhores — disse Nasrudin ao Rei. — Elas precisam, antes, praticar certas coisas de maneira a entrar em sintonia com a verdade interior, que se assemelha apenas levemente à verdade aparente.

O Rei, no entanto, decidiu que ele poderia, sim, fazer com que as pessoas observassem a verdade, que poderia fazê-las observar a autenticidade — e assim o faria.

O acesso a sua cidade dava-se através de uma ponte. Sobre ela, o Rei ordenou que fosse construída uma forca.

Quando os portões foram abertos, na alvorada do dia seguinte, o Chefe da Guarda estava a postos em frente de um pelotão para testar todos os que por ali passassem. Um edital fora imediatamente publicado: "Todos serão interrogados. Aquele que falar a verdade terá seu ingresso na cidade permitido. Caso mentir, será enforcado."

Nasrudin, na ponte entre alguns populares, deu um passo à frente e começou a cruzar a ponte.

— Onde o senhor pensa que vai? — perguntou o Chefe da Guarda.

— Estou a caminho da forca — respondeu Nasradin, calmamente.

— Não acredito no que está dizendo!

— Muito bem, se eu estiver mentindo, pode me enforcar.

— Mas se o enforcarmos por mentir, faremos com que aquilo que disse seja verdade!

— Isso mesmo - respondeu Nasrudin, sentindo-se vitorioso. — Agora vocês já sabem o que é a verdade: é apenas a sua verdade.

Nasrudin
(Khawajah Nasr Al-Din)

Eterna partida.




Longe na bruma dum tempo que passa
e não se percebe se é ou já foi
eu vejo-te aos poucos voar para fora
dum sonho secreto que amámos os dois...

Mas voa, avezinha, levanta-te agora,
desdobra os teus sonhos como asas de vento!
Bebe o ar alto, faz-te condor
sem um lamento, sem um momento
em que olhes de volta e me vejas a dor
de te ver partir além-fantasia
que chega ao seu fim...
de te ver fugir da vida vazia
que fica comigo
p' ra justo castigo
de te amar assim...

Foste musa, poesia, aurora e fragrância
Deusa pagã, virgem, irmã,
altar ritual de transes de amor...
e dor... também dor,
qual luz de mil sóis de infinito calor
que vivi e sofri, que te dei e me deste
em mergulhos perdidos no fundo de nós.
Foste o meu Norte, o meu Sul, o meu Leste,
a droga que encheu o meu sangue de vida
segredada a sós,
sussurrada a dois
e que eu sempre soube dever aprender
a ter de perder...
um dia... depois...
e sempre depois,
na bruma dum sonho que eu queria sem fim
mas que só podia
exIstir sem mIm!...

Foram dias e noites e meses e anos
contigo em segredo a encher-me o vazio
do saco fechado deste viver!

...mas nada mudou,
anda cá, anda ver:
os olhos cansados que embalam futuros
de incerto horizonte do vácuo que sou
mantêm fiéis a promessa perene
que fiz em silêncio,
de te serem puros,
de te amarem sempre!

Nada mudou!
Nem em mim nem em nós.
só mudaste tu, como tinha de ser,
e mesmo sem querer, ficámos mais sós...

Vou partir p'ra bem longe da dor que há em mim
e saber acordar de novo sozinho.
Vou fazer assim em defesa do ninho
a que tu tens direito com alguém que o mereça...
...mas antes que esqueça, porque isso não posso,
vou guardar tudo aquilo que um dia foi nosso
num canto secreto do meu coração
que, queiras ou não, será sempre teu!

Aí, por mais voltas que o destino invente,
Vives tu, meu amor, eternamente!

Pedro Laranjeira

sábado, 9 de maio de 2009

Queremos Homens Completos ou Meros Cidadãos?



A educação actual e as actuais conveniências sociais premeiam o cidadão e imolam o homem. Nas condições modernas, os seres humanos vêm a ser identificados com as suas capacidades socialmente valiosas. A existência do resto da personalidade ou é ignorada ou, se admitida, é admitida somente para ser deplorada, reprimida ou, se a repressão falhar, sub-repticiamente rebuscada. Sobre todas as tendências humanas que não conduzem à boa cidadania, a moralidade e a tradição social pronunciam uma sentença de banimento. Três quartas partes do Homem são proscritas. O proscrito vive revoltado e comete vinganças estranhas. Quando os homens são criados para serem cidadãos e nada mais, tornam-se, primeiro, em homens imperfeitos e depois em homens indesejáveis.

(Huxley, Aldous )

"Poder."


Há pessoas que AMAM o PODER..
E há pessoas que tem o PODER de AMAR...

Perdoa este amor





perdoa-me este vento no rosto
só por dizer o teu nome
esta forma imoderada de pousar-te no corpo
e íbis nidificar em teus seios
redondos e suaves como mundos imaginados

perdoa a riqueza deste amor
sem sedas nem brocados
a fragilidade deste mundo sem orientes
nem senhas nem tratados
e esta resma de escritos imperfeitos
em que invariavelmente falo de ti
mesmo quando não é de ti que falo
quando disfarço o teu nome sob a capa do mar
quando desfolho o teu corpo crisálida
em momentos só meus
e vejo emergir mariposas de toucados ancestrais
quando digo de «a» a «z» o que me vem escrito na alma
e grito que é vazio
(só vazio)
o alfabeto das coisas
que em teu nome não digo
e nego que tu existes
que te sonho sequer
perdoa tudo isto amor
porque homem e mulher que sejamos
somos só destinos anónimos
.............................distantes
de chegada

........... e de partida.

(Jorge Casimiro)

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Construir em Vez de Combater.


Creio que uma das atitudes fundamentais do homem humano deve ser a de reconhecer em si, numa falta de compreensão ou numa falta de acção, a origem das deficiências que nota no ambiente em que vive; só começamos, na verdade, a melhorar quando deixamos de nos queixar dos outros para nos queixarmos de nós, quando nos resolvemos a fornecer nós mesmos ao mundo o que nos parece faltar-lhe; numa palavra, quando passamos de uma atitude de pessimista censura a uma atitude de criação optimista, optimista não quanto ao estado presente, mas quanto aos resultados futuros. O mesmo terá já dado um grande passo para impedir os ataques, quando aceitar que só puderam existir porque a sua acção não foi o que deveria ter sido; quando se lembrar ainda de que toda a sua coragem se não deve empregar a combater, mas a construir.

Agostinho da Silva

Tempo emaranhado.




O tempo é uma corda esticada
Onde, lúgubres, se tangem os gemidos da minha alma.

O tempo é uma grande pedra a ser empurrada
Até ao cume do dia, mas o curto descanso do sono
Fá-Ia rolar de novo até à base da dormência.

O tempo é um ralo, onde se sorvem os sonhos desfeitos,
Onde se escoam os laivos da minha demência.

A breve trégua do sono é onde a dor recupera o fôlego,
E volta retemperada, voraz, com a sua bocarra hiante.

O tempo... o tempo é cada vez mais cinzento.

Pedro Mota

Antiga Cadeia.


Antiga Cadeia Municipal de Constância vai transformar-se em espaço cultural
Estão já a decorrer as obras de recuperação do edifício da antiga Cadeia Municipal, um imóvel localizado em pleno Centro Histórico de Constância.

Com um orçamento de cerca de 80 mil euros, um custo que será inteiramente suportado pelo orçamento municipal, esta empreitada terá um prazo de duração de aproximadamente quatro meses.

Pretendendo-se tornar o imóvel num espaço de índole cultural, a intervenção que agora decorre engloba a recuperação do imóvel mantendo a configuração, materiais e cores existentes, nomeadamente: reforço estrutural em betão armado ao nível da cobertura; picagens; rebocos; pinturas; substituição de cobertura e pavimentos; recuperação de madeiras, cantarias e serralharias; instalação de iluminação, climatização, segurança e rede estruturada (informática, telefones, som e projecção de vídeo).

Recorde-se que a antiga Cadeia do Concelho, situada na Rua Luís de Camões, é um edifício da grande relevância histórico-cultural que, após quase 100 anos na posse de particulares (o edifício foi arrematado em praça em 1914), retornou à propriedade e posse municipal na sequência de Despacho de 17-09-2007 do Tribunal Judicial de Abrantes sobre o processo de expropriação que foi desenvolvido pela Câmara.

Atendendo à localização privilegiada do imóvel e ao facto de provavelmente ser já o único edifício de arquitectura de matriz municipal que resta no nosso Concelho, o que lhe confere uma importância assaz singular do ponto de vista urbanístico no contexto do conjunto edificado do Núcleo Histórico de Constância, propõe-se o seu regresso à vida pública da vila, agora com uma utilização bem mais acolhedora, que abra as portas aos mais variados acontecimentos de índole cultural e lúdica – exposições, eventos, audições, colóquios e outras actividades –, dignificando o imóvel e constituindo-o, em simultâneo, como mais um pólo de interesse em Constância.
Por CMC

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Nudez .



nem ouro, nem prata.
árvore verde.
nu, esse teu corpo breve,
livre de sombras –
como no dia do baptismo.
ainda sem nome.
sem voz ainda –
e uma voz presente.
sem tempo,
propondo outro tempo
sem presente.

teu filho,
maior do que um rosto
quase escondido.
teu colo,
acolhendo o mundo inteiro –
o peso, a leveza,
a obscuridade, o brilho
da montanha.

não encontro negrume
nessa face.
somente a negra luz
do sal da terra,
no forno que aquece o coração.

fria, apenas a manhã
em que partimos –
o cume da manhã
sobre a nascente.

nem ouro. nem prata.
a cor e o calor da madeira.
os pigmentos dessa alma
hoje encobertos –

abertos neste livro
e neste lume.

Ruy Ventura.